Chegou com uma aura de fogos de artifício e, tempos depois, esvaiu-se sem estrondo algum.

Novato no convívio, se abria em agendas e fluía ao sabor das estações, mesmo em temporadas insossas.

Adorava acordar cedo, espreguiçar nuvens, azular-se e transcorrer como se às vezes estivesse em férias, como de fato estava vez em quando. Também gostava do cair da tarde, e procurava beiras de rio e horizontes distantes para fazer notar sua agem.

Ora lânguido e modorrento, ora estabanado e ventoso, teve épocas mais temperamentais, sem clima temperado. Imprevisível numas ocasiões e em outras completamente rotineiro.

Enquanto circulou, mostrou-se saltitante aos sábados e domingos, festivo nas madrugadas, firme e decidido nas segundas-feiras. Seguidamente aparecia com um "ponto facultativo" na lapela.

No decorrer da sua breve vida, agitou-se diante de prazos que o esgotavam, o tempo escorrendo por entre suas datas. Logo constatou aceleração nos seus batimentos de minuto. Estressou-se a partir do segundo trimestre e nem a calma dos sinos rurais o acalmava mais.

Diuturnamente ocupado, semanalmente apressado, mensalmente cheio de obrigações, ele acabou por se envolver com viciados em urgência, que se picavam com ponteiros. E deixou de ear com companhias sem lenço nem documento.

Quando viu, já ara um semestre e já estava na escada rolante do segundo. Desfigurado em seu cotidiano, irreconhecível na aparência (as pessoas perguntavam "que dia é hoje", "em que mês estamos?"), de repente ninguém mais lembrava dele lá em janeiro.

Ao final, virou o que virou: vertiginoso, interesseiro, altamente produtivo, e rugas de carga horária na expressão. Foi-se indo, indo, foi-se.

Puxa.

Onde foi parar aquele fagueiro 2007 que nos encantou no primeiro dia?