Pior é a indiferença

Por Flávio Dutra

Aceito críticas, mas prefiro elogios. É o recado aos meus poucos, mas fiéis leitores.Os autores não escrevem pensando unicamente nesses seus eventuais leitores. Quem afirmar o contrário está enganando ou se enganando. O autor é um egoísta, escreve principalmente para seu deleite. Isso não é tese, é realidade. Pegue o caso dos cronistas da nossa imprensa. Adivinhem qual a primeira página que consultam ao abrir o jornal? Bingo, aquela onde está publicada a sua coluna.  

Particularmente, sofro de uma boa ansiedade às segundas-feiras quando esta coluna é editada no coletiva.net. Desde cedo da tarde fico consultando o portal até aparecer o retrato do autor, encimando o texto que depois será exibido nas minhas redes sociais. E o termo exibido é bem aplicado no caso. E quanto mais exibimento, mais satisfação trazem os elogios e menos gratificação provocam as críticas. 

Chega de enrolação e vamos ao que realmente motivou este texto: o comentário de um leitor sobre a primeira coluna que cometi este ano no coletiva.net -" Previsões previsíveis e reflexões aleatórias sobre 2022", publicado dia 3 de janeiro.. Eis o que disse o comentarista de textos alheios: "Que amontoado de asneira". Fui pesquisar o perfil do sujeito e fiquei lisonjeado: graduado em História na UFRGS, com mestrado na PUC. Não tinha ideia de que era ado por um intelectual deste quilate e, ainda, que interage! Isso tem valor inestimável nestes tempos de poucos leitores. Vou precisar caprichar mais. Uma dúvida, porém, ou a me consumir: o que fazia um  luminar da academia conferindo minhas asneiras, que acho mais direcionadas a um público menos intelectualizado - e mais bem humorado. Aviso: estou sendo irônico..

Quase postei uma resposta, mas desisti, preferindo, por um lado, respeitar a opinião sincera do professor e, por outro, não enticar e criar uma polêmica desnecessária. Além disso, reconheço que o texto criticado não era dos mais inspirados, provavelmente por causa da ressaca das festas de fim de ano. E mais: já fui alvo de críticas mais mordazes, como a da minha neta primogênita, a super sincera Maria Clara, que, a propósito de uma produção literária deste que vos fala, desferiu essa pérola: "O livro do avô é um monte de histórias bobas, que os amigos contaram pra ele". Então, meu caro leitor, estou no lucro em relação ao "amontoado de asneira". Pior é a indiferença, por isso seja bem vindo sempre, de preferência com elogios, porque, como afirma a escritora norte-americana Susan Wiener, "a maioria das pessoas não se importa com as críticas - contanto que sejam sobre outra pessoa."

Autor
Flávio Dutra, porto-alegrense desde 1950, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com especialização em Jornalismo Empresarial e Comunicação Digital. Em mais de 40 anos de carreira, atuou nos principais jornais e veículos eletrônicos do Rio Grande do Sul e em campanhas políticas. Coordenou coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na área esportiva, da qual participou por mais de 25 anos. Presidiu a Fundação Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), foi secretário de Comunicação do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre, superintendente de Comunicação e Cultura da Assembleia Legislativa do RS e assessor no Senado. Autor dos livros 'Crônicas da Mesa ao Lado', 'A Maldição de Eros e outras histórias', 'Quando eu Fiz 69' e 'Agora Já Posso Revelar', integrou a coletânea 'DezMiolados' e 'Todos Por Um' e foi coautor com Indaiá Dillenburg de 'Dueto - a dois é sempre melhor', de 'Confraria 1523 - uma história de parceria e bom humor' e de 'G.E.Tupi - sonhos de guri e outras histórias de Petrópolis'. E-mail para contato: [email protected]

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