Ouvi hoje no rádio de um estudioso de educação que a escola concorre com outros meios, como TV, Internet, MSN, e estaria perdendo esta corrida na atenção dos estudantes.

Não sei se concordo, não. Tem coisas na vida que são chatas mas necessárias. Eu acho uma chatice escovar os dentes, por exemplo. Ficar naquela atividade repetitiva na frente do espelho? Mas é claro que gosto do resultado final, os dentes limpos. Raciocínio semelhante eu emprego para a escola. Não sei se ela deve concorrer tão diretamente com meios de entretenimento. Claro que não deve ser chata como o exemplo que dei, da escovação de dentes. Mas ser tão atrativa quanto? Acho que não. O resultado final, o aprendizado, o desenvolvimento da inteligência, isto sim é fundamental. Mas escola não é uma festa. Tem coisas aborrecidas, como disciplina, por exemplo. O ser humano tende a ser anárquico, inicialmente. A partir da convivência em sociedade é que se constatou a necessidade de um conjunto de regras para que todos convivessem, sem que matássemos uns aos outros, tampouco invadíssemos as casas de outrem.

Que o modelo de ensino tradicional está ultraado, não há dúvida. Porém, acho que a educação vive uma crise existencial que, de resto, não é de exclusividade desta. Os seres humanos estão um tanto quanto perdidos de seus papéis. A família está deteriorada, precisando reencontrar seu caminho. A Igreja, os partidos políticos, o clima. Tudo precisando de uma urgente redefinição.

E este momento, se é crítico por um lado, por outro nos oferece uma enorme quantidade de possibilidades. Isto gera ansiedade, mas todo momento que experimentamos de liberdade acaba por ter um quê de ansiedade. A liberdade, às vezes, aprisiona, por mais paradoxal que seja.

A queda das ideologias, o aquecimento global, até a gripe suína, são fenômenos que nos impactam mundialmente. Se, por um lado, nos deixam perdidos, por outro nos unem. Todos estamos perdidos, angustiados e buscando um norte, e isto une as pessoas. Confraternização no caos.