Pelos refugiados do mundo

Grace Olsson tem 43 anos, é do Nordeste e assim se apresenta em seu blog: "Mãe de dois filhos naturais e mais uns outros…Sou …

Grace Olsson tem 43 anos, é do Nordeste e assim se apresenta em seu blog: "Mãe de dois filhos naturais e mais uns outros?Sou de Alagoas.Casada. Vivo por aí, feito ALMA CIGANA..Mudei de Alagoas para o interior da Suécia. Tempos depois fiz o caminho de volta? Agora de volta à Terra gélida? Tento me concentrar em algo além de mim." Pois Grace é uma das poucas pessoas deste mundo que trabalha em favor dos refugiados africanos. Já enfrentou muitos problemas por causa desta opção e também teve de sair da blogosfera, por um período, porque até a saúde foi comprometida por causa de reacionários que aram a agredi-la e a criticá-la de modo vil.

Hoje, dou voz a Grace, neste espaço. Ela, com seu blog, tem feito muito mais do que muita ONG cheia de dinheiro por estes deserdados da vida que não têm espaço físico para se refugiar, vivem da caridade alheia e são, além de explorados, violados em seus mínimos direitos.


A Folha de S.Paulo traz, também, uma reportagem informando que o Brasil é considerado líder, na América Latina, na acolhida a refugiados. Uma gota d? água num oceano, mas já é alguma coisa de que podemos nos orgulhar em meio a tanta coisa que nos envergonha nesta terra.


Nesta sexta, dia 20, data há oito anos escolhida pela organização das Nações Unidas como World Refugee Day, Grace postou em seu blog um vídeo que está também no youtube e que exibe algumas das muitas fotos com que ela vem registrando o calvário de crianças, mulheres, velhos e homens em sua busca de compreensão e aconchego.


No mesmo endereço há informações preciosas sobre como começou este horror envolvendo gente que, por questões de poder, não tem mais direito a pátria, cuidados e dignidade.


Vejam o vídeo, leiam o blog e escrevam para Grace.


Sem ser Angelina Jolie ou celebridade, ela está fazendo a sua parte, com dedicação e amor.


Nós, no conforto de nossa vida, cuidando como leões de nossas proles, na verdade só lembramos dos desterrados quando existe uma data apontando, como seta, para a questão.


Postei o vídeo de Grace no Clínica da Palavra e ainda me justifiquei, dizendo que "Eu sei que muitos vão dizer que temos problemas demais para resolver, favelas, crianças abandonadas, subnutridas, violadas, humilhadas, esquecidas por este Brasil afora.
Eu sei que a maioria de nós pouco ou nada faz para mudar esta situação, centrados que estamos no nosso umbigo diário da sobrevivência, abrindo a asa para proteger nossos rebentos, o que já é uma tarefa hercúlea nestes tempos de incentivo à drogadição, à pornografia e à corrupção sob todas as formas.
Mas se nos consideramos da mesma espécie, o que dói em um deveria doer em todos"


Sei que não precisa esforço para ver o quanto temos de fazer pelos nossos "refugiados" da sorte, atirados em cada esquina deste Brasil.


Mas, pelo menos neste momento, sejamos unidos na divulgação da dor alheia de que se ocupa Grace e que pode ser minorada com, pelo menos, um gesto. Nem que seja o gesto de enviar um mail ou deixar uma mensagem solidária para quem estende as mãos e raramente encontra outras para segurá-las.

Autor

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Maristela Bairros já atuou como redatora, repórter, editora e crítica de teatro nos principais diários de Porto Alegre, colaboradora de revistas do Centro do País e foi produtora e apresentadora nas rádios Gaúcha, Guaíba AM, Guaíba FM e Rádio da Universidade, assessora de imprensa da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Cultural Piratini. É autora de dois livros: Paris para Quem Não Fala Francês e Chutando o Balde, o Livro dos Desaforos, ambos editados pela Artes & Ofícios.

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