- O Canto Livre de Nara Leão.
Mais até do que pela personagem que retrata e exalta, o documentário vale, e muito, pela amostra daquele Brasil dos anos 60 e 70. Apesar da censura e da repressão impostas pela ditadura, vivia-se um ambiente criativo e revolucionário. Era o tempo da Bossa Nova e do Iê iê iê, o rock à brasileira que levou seus 'adversários' a promover uma bizarra eata contra a influência (considerada nociva...) da guitarra elétrica na música brasileira. No cenário em que um rivalizava com o outro em busca de sucesso e reconhecimento, Nara Leão, doce e espontânea, flutuava muito bem entre os dois gêneros, para desencanto de alguns, surpresa de outros e alegria de muitos. Usos e costumes do século 20 circulam de forma realista pelo documentário, graças a imagens da época e a depoimentos reveladores de contemporâneos de Nara, como Chico, Marieta Severo (para quem Nara foi uma mulher revolucionária exatamente por influenciar novos comportamentos e ideias), Roberto Menescal, Bethânia, Edu Lobo e Dori Caymmi, mais seu ex-marido Cacá Diegues. A série é da Globoplay e tem cinco episódios que encerram deixando o espectador com aquele bom desejo de quero mais. 5c2w53
- Borgen.
Ótimo exemplo de que tem muita vida inteligente fora de Hollywood, a série dinamarquesa vale por apresentar uma cultura e comportamento completamente diferentes dos que conhecemos por estas bandas. A Dinamarca é um país líder naqueles quesitos que tocam as pessoas ? qualidade de vida máxima, mínimo nível de corrupção ? e ver seu cotidiano desfilar pela telinha de forma atraente e competente é prazeroso e educativo. A mulher que assume de forma inédita o poder no país exala exatamente estas virtudes dinamarquesas, lutando contra extremismos e assegurando os direitos elementares da cidadania. Não sem ser às custas de incompreensões e traições, que garantem à série momentos prazerosos. Veja na Netflix.
- Ataque dos Cães.
O Piano foi um filme vencedor que atraiu os holofotes para sua diretora, Jane Campion. Primeira mulher a ganhar a Palma de Ouro, já no final do século ado, a carreira da neozelandesa foi sempre ascendente. E agora está aí seu mais novo rebento, o filme que consegue explorar, em um Estados Unidos recém-saído de sua era selvagem, a luta pelo poder, com desejos reprimidos e relações homoeróticas aflorando a todo momento. Esta direção segura, aliada a interpretações marcantes, como a do anti-herói Benedict Cumberbatch, torna Ataque dos Cães um daqueles filmes imperdíveis. Tá na Netflix.