Panteras made em Paraguai

A moça na TV ensina respire devagar, inspire devagar, 5 minutos fundamentais para reestabelecer o equilíbrio. Ele fala pros que vão para o Enem …

A moça na TV ensina respire devagar, inspire devagar, 5 minutos fundamentais para reestabelecer o equilíbrio. Ele fala pros que vão para o Enem e eu penso: ah, os cinco minutos fundamentais da vida da gente!!!! Será? Tem horas em que é melhor não parar os 5 minutos e tocar a patrola em cima do mundo. Se parar, a patrola que vem atrás amassa e babaus.  E como tem patrolão em torno, vixi!
Em tudo, em todo lado. Por isso, um dia, escrevi um livrinho fininho chamado Chutando o Balde, o Livro dos Desaforos. Foi um grito - não, foi um berro de socorro diante da opressão da hipocrisia e do que se convencionou chamar de forma ainda mais hipócrita de politicamente correto. É o tal "todo mundo tenta te enquadrar de alguma maneira em algum momento" e eu saí dos trilhos e escrevi pequenas crônicas, a maior parte delas com origem claramente registrável na vida real. Houve gente que se ofendeu e muito.
Hoje eu poderia fazer uma série de Chutando o Balde. Uma só para os infernos diários das ditas redes sociais. O que se encontra de tipos pútridos que dedicam sua existência miserável tão somente a nos perturbar e, de modo inequívoco, nos moldar, nos enquadrar e em vez de nos calar, tentar fazer com que digamos aquilo que querem. Em geral, são os medíocres, os nadas, aqueles que, lá pelos anos 60 e 70 vagavam pelas noites chapados de erva da pior qualidade e de diferentes tipos de bolinhas, protestando contra os Estados Unidos, o MEC Usaid e os milicos, vestindo camiseta estampando Che e, se o dinheirinho miserável desse, fumando um charuto em homenagem a Fidel. Ontem, no facebook, trombei com um destes exemplares da fauna que classifico de "nada com coisa nenhuma", daquele tipo incensado porque tocava uma flautinha nas madrugadas, que vivia sujinho, cheirinho de xixi na calça Lee desbotada que dava pra sentir a quilômetros, longos cabelos cheios de bichos, dentes detonados, hálito inqualificável. E apelido de uma fera! Waw!
Detalhe: só soube da existência destes seres do astral inferior da humanidade faz pouco, através de "resgates" publicados na internet assinados por filhinhos de papai que com eles andavam para estar "dentro", entendchi? Nunca, felizmente, me misturei com falsos profetas, micados das drogas e defensores malemolentes do socialismo igualitário dos gulags. Tive excelente formação familiar, não precisei disso. Desgraçadamente, acho que atraio estes tipos: mesmo sem adicioná-los a minhas listas das redes ou tomar conhecimento das mediocridades que cometem publicamente, pintam no meu mural. E me xingam, os cretinos!
A motivação é diversa. Mas há um traço comum aos coitados que gozam provocando quem os ignora ou os rejeita: são suscetíveis a qualquer crítica à "zisquerda", aos próceres do comunismo e, claro, a Lula e sua turminha do bolso cheio com grana roubada do povo! É tiro e queda:  apenas escrevi que a humanidade ama os "líderes" como Kadafi e os que seguem na linha de "salvadores da pátria" ou "nunca antes neste país", e o tipinho surgiu, com uma pedra de toneladas na mão, saído do Hades.  Confrontado, tadinho, se auto-apagou, bloqueou-se, escafedeu-se. Não acredito que por vergonha de sua triste figura, porque gente do tipo não conhece este abençoado sentimento do constrangimento. Sumiu da minha linha de visão porque ficou com medinho. Sim! Os machões enfurecidos só sabem brigar com mulheres. Para os homens, o tratamento é diferenciado: flautinha na noite, com certeza. E muitos rugidos-miau, como panteras adocicadamente domesticadas. Xô, coisa fedorenta!

Autor

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Maristela Bairros já atuou como redatora, repórter, editora e crítica de teatro nos principais diários de Porto Alegre, colaboradora de revistas do Centro do País e foi produtora e apresentadora nas rádios Gaúcha, Guaíba AM, Guaíba FM e Rádio da Universidade, assessora de imprensa da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Cultural Piratini. É autora de dois livros: Paris para Quem Não Fala Francês e Chutando o Balde, o Livro dos Desaforos, ambos editados pela Artes & Ofícios.

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