Os pedidos mais urgentes ao Papai Noel
Por Márcia Martins

Se eu ainda tivesse lá os meus oito ou nove anos, já teria ditado para a minha mãe escrever alguns pedidos para o Papai Noel. Com certeza, brinquedos e brinquedos. Nada melhor para divertir e distrair uma criança. Se a minha filha ainda tivesse os seus oito ou nove anos, estaria lendo para ela a resposta do Papai Noel à carta enviada, com recomendações para que se alimentasse melhor com a ingestão de legumes, verduras e frutas. E sim, ela teria pedido de presentes de Natal brinquedos e brinquedos. E na noite de Natal, meu irmão Nando vestia-se com os trajes do Papai Noel até a minha filha Gabriela perceber que seu tio e o Papai Noel usavam sempre os mesmos sapatos.
Mas não tenho mais a inocência da infância. Há muitos anos (nem é bom contar) não acredito mais em Papai Noel. E, por isso, não escrevo lista de pedidos, não mando cartas com sugestões de presentes em nome da minha filha e nem faço nenhum familiar colocar aquela roupa vermelha, abafada e a barba branca para se ar pelo velhinho que, dizem aqueles que ainda cultuam a crença, mora no Polo Norte.
No entanto, sei lá. Vai que em algum canto deste planeta sobreviva a lenda do Papai Noel e que ele possa nos trazer pequenos mimos para tornar o novo ano mais fácil de ser enfrentado. Porque os tempos andam mesmo de desanimar. Desde que deixei de acreditar no Papai Noel, tanta coisa que jamais imaginava aconteceu. Talvez eu até ainda possa me surpreender e esperar que debaixo de alguma árvore de Natal eu encontre presentes que considero muito essenciais e necessários.
Como diz a canção de Natal de Assis Valente, "Papai Noel, vê se você tem a felicidade pra você me dar" porque já faz tempo que eu pedi. E tenho uma fé inexplicável de que todo mundo é sim filho de Papai Noel e que felicidade é um brinquedo que existe. Esse sentimento de felicidade, neste final de 2021, segundo ano de pandemia da Covid-19, em que o Brasil atinge a cruel marca de 616 mil mortos pelo Coronavírus, pode ser traduzido por doses generosas de saúde para a população. Muita saúde é o que eu preciso e o que desejo para reverter essa doença que aniquilou famílias e deixou parentes sem poder enterrar com dignidade os seus.
Pode deixar também embalado em pacotes com fitas douradas nas árvores de Natal pitadas essenciais de fé para superar os desafios mais desesperadores, como a inflação, o desemprego e a crise econômica que se abate sobre o País. Que Papai Noel, se conseguir entrar no Brasil sem mostrar a carteira vacinal, arrume de presente goles substanciais de otimismo para iniciar 2022 com disposição para exercer mais a empatia, a solidariedade e a preocupação com o próximo. E, por fim, que o velhinho ilumine a consciência dos (das) eleitores (as) para escolher, nas eleições presidenciais, alguém que realmente se preocupe com a sociedade brasileira e menos com o próprio umbigo.