Os novos Saladinos

Saladino foi o sultão que, à época das Cruzadas, expulsou os cristãos.Tornou-se mítico para o povo árabe. Em todo o Oriente Médio, no momento, …

Saladino foi o sultão que, à época das Cruzadas, expulsou os cristãos.Tornou-se mítico para o povo árabe. Em todo o Oriente Médio, no momento, pareceu ao povo alguém que seria um novo Saladino, Hassan Nasralla, o carismático líder do Hizbollah. Depois de 20 dias resistindo ao exército de Israel, o Hitzbollh ganha prestígio e apoio no Oriente Médio, segundo o New York Times. É a longa resistência a Israel que provoca orgulho entre os muçulmanos. A última guerra durou seis dias, em 1967.


A corte real saudita emitiu um alerta calamitoso de que seu plano de paz de 2002 - oferecendo o pleno reconhecimento de Israel por todos os países árabes em troca do retorno às fronteiras anteriores à guerra de 1967 - poderá perecer.


A guerra recrudesce. Isarel enviou 7 mil soldados ao Líbano para firmar posição, segundo o New York Times. O jornal israelense Haaretz disse que Israel está disposto a libertar Abu Mamad, libanês condenado por porte de armas, e um estrangeiro ilegal em troca dos soldados Eidad Reger e Ehud Gowasser. O seqüestro foi a causa da guerra. Mas agora, nesta terça, Israel diz ter capturado 14 do Hizbolloah, enquanto este se vangloria de ter apenas 43 mortos em suas fileiras.


AL QAEDA


Mesmo a Al Qaeda, comandada pelos violentos extremistas sunitas, normalmente hostis a todos os xiitas, entrou em ação com seu vice-líder, Ayman al Zawahri, divulgando uma mensagem dizendo que, por meio de seu combate no Iraque, sua organização também está tentando libertar a Palestina.


A televisão por satélite Al Jazeera transmitiu uma gravação de Zawahir. Grandes painéis atrás mostravam uma foto do ataque ao World Trade Center, com os retratos de dois membros egípcios da  Al Qaeda, Muanmmad Atef, um comandante que foi morto por um ataque aéreo americano no Afeganistão, e Mahbees Atta, líder dos ataques de 11 de setembro. Ele apresentou os dois como defendendo a causa dos palestinos. A Al Qaeda quer incorporar-se aos êxitos da resistência do Hizbollah.


Disse o presidente do Líbano, Rabbin Nanas, a Deutsch Welle: "Foi e resistência do Hizbollah que havia concedido a paz. Sem esta resistência, o Líbano estaria ocupado até hoje. E continua: "É claro que Nasralla tem o meu respeito. O Hizbollah conta com grande prestógio no Líbano porque libertou meu país".


A IMAGEM DE WASHINGTON


Bush e Tony Blair pediram na última sexta-feira uma resolução urgente da Organização das Nações Unidas assim como uma força de paz internacinal para acabar com os combates entre israelenses e militantes. No domingo, Israel concordou com um cessar-fogo de 48 horas, que não cumpriu. Pensa-se na intervenção da ONU, mas os boinas azuis só seriam instalados com o apoio do Líbano, Hizbollah e Israel. "Este é um momento de demonstrar firmeza", disse Bush. "O Hizbollah e seus patrocinadores iranianos e sírios estão dispostos a manter e usar a violência para deter a expansão da paz e de democracia".


O Centro de Informação e Pesquisa de Beirute publicou na segunda-feira uma pesquisa no jornal "Daily Star". Nela se revela que 70% dos libaneses apóiam os soldados de Nassan Nesralla. Entre a etnia dos drusos, o apoio é de 40%. Na comunidade cristã, o apoio ao Hizbollah subiu 7%. A pesquisa ouviu 800 libaneses e conclui que 87% dos cidadãos .apóiam os ataques de represália lançados pelo grupo xiita contra o norte de Israel. Poucos acreditam em Washington como um mediador confiável.


UMA CONTRADIÇÃO


Enquanto o mundo conversa sobre e nova força internacional a ser enviada ao Líbano, um fato gritante aparece, segundo o Le Monde: "A  contradição central é que, apesar de Israel e Estados unidos considerarem Hizbollah como uma organização terrorista, a maioria dos árabes e libaneses, apesar de não todos, considera seus membros como heróis que forçaram Israel a sair do Líbano em 2000, após 18 anos de ocupação".

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