Os bons companheiros

"Plenário da Câmara reconhece inocência do Professor Luizinho", informa o site do deputado petista. A absolvição em um processo não implica necessariamente reconhecimento de …

"Plenário da Câmara reconhece inocência do Professor Luizinho", informa o site do deputado petista. A absolvição em um processo não implica necessariamente reconhecimento de inocência, mas a afirmação da ausência de provas suficientes. É por isso que no direito americano o réu não é considerado "culpado" ou "inocente", como aqui, e sim "culpado" ou "não culpado". Inocência é um conceito amplo e generoso em demasia. No site, que rebatizou a cidade paulista como "São André", o prefeito João Avamileno - que assumiu o cargo deixado pelo assassinado Celso Daniel e depois se reelegeu -, afirma que "os deputados reconheceram a seriedade do companheiro Luizinho". Atestado de seriedade é ainda mais complexo.


Os bons companheiros (2) 


Professor Luizinho sacou "só" R$ 20 mil do valerioduto, uma ninharia perto dos R$ 102 mil do pefelista Roberto Brant, também absolvido. João Paulo Cunha, que ficou no meio termo - embolsou R$ 50 mil - tem toda razão em acreditar na absolvição. Chegamos ao ponto de discutir quem levou mais. Não existe meio corrupto, conforme devia ter ensinado o episódio Valdomiro Diniz, o homem do 1%.


O que é isso, companheira?


Do excelente Blog do Noblat: "A deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) está há mais de uma hora lendo um voto de 78 páginas em defesa de João Paulo Cunha (PT-SP) no Conselho de Ética da Câmara.  Ninguém presta atenção. Nem os deputados, muito menos os jornalistas".


Ângela Guadagnin é aquela senhora que se especializou em pedir nova leitura de relatórios, a famosa "vistas ao processo" no jargão jurídico, a fim de postergar o julgamento de companheiros. E tem gente que acha a Heloísa Helena chata.


Mau negócio


O Exército adotou uma tática esperta nos morros do Rio. Talvez nunca encontre as armas roubadas, tampouco prenda algum bandido, mas já os atingiu na parte que mais machuca negociantes, legais ou ilegais: o bolso. Cada dia de ocupação custa aos traficantes milhares de reais, quem sabe milhões. Apreensões de grandes quantidades de drogas ampliam o prejuízo. As armas roubadas revelaram-se caras demais. Daqui para frente, atacar quartéis talvez ainda seja um bom expediente para desafiar o poder constituído, mas, sabe-se, não é será um bom negócio. Ninguém quer operar no vermelho. Se caiu a ficha, operações como esta tendem a se repetir. Redescobriu-se uma forma eficiente de combater o crime organizado.

Autor
 Eliziário Goulart Rocha é jornalista e escritor, autor dos romances Silêncio no Bordel de Tia Chininha, Dona Deusa e seus Arredores Escandalosos e da ficção juvenil Eliakan e a Desordem dos Sete Mundos.

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