Os anciãos entram no diálogo

Na tradição das tribos africanas, os jovens voltam-se para os mais velhos para obter conselhos sábios. É nesta tradição que se espelham "The Elders" …

Na tradição das tribos africanas, os jovens voltam-se para os mais velhos para obter conselhos sábios. É nesta tradição que se espelham "The Elders" (os anciãos), porém os protagonistas são muito diferentes dos sobas africanos. Todos são ganhadores dos prêmios Nobel da Paz e compartilham preocupações comuns, como acabar com as guerras, erradicar a pobreza e amplificar vozes políticas que não são ouvidas. São eles Nelson Mandela, Kofi Annan (ex-secretário geral da ONU), reverendo Desmond  Tutu (ativista anti-apartheid), Jimmy Carter e Aung San Suu Kyi (lider democrata de Mianmar). Possuem um site e comunicam-se através da internet.


Os analistas afirmam que os Elders podem fazer uma diferença usando os a líderes, autoridade moral e sua capacidade de atuar como uma  diplomacia informal. "As relações entre Estados são apenas uma parte da rede complexa formada por relacionamentos internacionais, empresários que visitam primeiros-ministros ou ativistas dos direitos que  conversam com os ministros das relações exteriores", explica o ex-diplomata dos Estados Unidos Daniel Serwer. É especialista em resolução de conflitos do Instituto dos Estados Unidos para a Paz, um órgão não partidário patrocinado pelo Congresso americano.


Estréia no Sudão


Os anciãos ali buscaram formas de resolver a longa guerra civil que aflige o país e o impacto causado pelo conflito sobre o povo de Darfour, onde mais de 225 mil civis morreram naquilo que o presidente Bush chamou de genocídio.


Além de Darfour, os Elders se propam a tentar ajudar nos  conflitos em Mianmar, onde um governo autoritário vem reprimindo há décadas ativistas pró-democracia, como Suu Kyi; em Zimbáwe,  indivíduos progressistas sofrem a repressão imposta pelo lider Robert Mugabe; e no Oriente Médio, onde seis décadas de derramamento de sangue continuam a desestabilizar a região.


A mais difícil missão


Carter, quando presidente dos EUA, em 1979 costurou a paz entre Egito e Israel. Continua ativo neste processo e, no mês ado, reuniu-se com a secretária de Estado Condoleeza Rice,  trabalhando no sentido de que árabes e israelenses se reunissem em Annapolis, Maryland. Devido a delicadeza dos trâmites à respeito das próprias negociações, os Elders, à exceção compreensível de  Carter, têm evitado qualquer papel público no processo.


"Este não é um conflito no qual as pessoas carecem de lideranças heróicas", afirma Robert Satioff, diretor-executivo do Instituto de Políticas do Oriente Médio, em Washington. "Este conflito necessita de execução e compromissos práticos. A capacidade de controlar ações terroristas e confiscar armas ilegais não são questões a serem resolvidas por distintos estadistas". Os Elders, talvez, esperem simplesmente pela sua hora de agir.

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