Os amores de Osório

A propósito da crônica "Os amores de Caxias", da semana ada, alguém pergunta se falta ao Brasil um bom escritor para contar os amores …

A propósito da crônica "Os amores de Caxias", da semana ada, alguém pergunta se falta ao Brasil um bom escritor para contar os amores de seus vultos históricos.


Não sei a resposta. Bons escritores nós temos. Falta, talvez, é baixar o olhar para a nossa planície. Não foi apenas Caxias que viveu um drama amoroso. Osório também foi personagem de história semelhante, só que com desfecho trágico.


Em 1829, ele era tenente em Rio Pardo e se apaixonou por Ana, filha de poderoso fazendeiro da região. O pai da moça se opôs ao romance porque Osório era pobre, nascido de família sem influência. Além do mais, naquela época, os soldados profissionais não gozavam do melhor conceito.


Para separar os dois jovens, o fazendeiro, político influente, conseguiu que o Exército transferisse Osório para uma guarnição da fronteira.


Fosse pelos dois namorados, a separação teria pouca importância. No exílio, Osório escrevia diariamente a Ana. Jamais recebeu resposta porque as cartas eram interceptadas e destruídas pelo fazendeiro.


Mesmo sem notícias do bem-amado, Ana a ele se manteve fiel. E quando o pai decidiu casá-la com um parente rico, desesperada escreveu a Osório, pedindo que viesse buscá-la para fugirem juntos.


O portador da carta adoeceu no meio da viagem. Quando Osório recebeu o apelo, era tarde. Ao chegar em Rio Pardo , Ana havia casado nas vésperas. 


Osório voltou para fronteira. Só muitos anos mais tarde teve olhos para outra mulher. Quanto a Ana, adoeceu de desgosto e faleceu antes que o indesejado casamento completasse um mês.

Autor

Jayme Copstein é jornalista, com atividade em jornal e rádio desde 1943,com agens pelos principais veículos de Porto Alegre. Trabalhou 22 anos no Grupo RBS como apresentador de programas e comentarista de opinião da Rádio Gaúcha, e atualmente é colunista do jornal O Sul e apresentador do programa 'Paredão', na Rádio Pampa. Detentor de vários prêmios, entre eles, Medalha de Prata (2º lugar) no Festival Internacional do Rádio de Nova York (1995), em 1997 publicou "Notas Curiosas da Espécie Humana" (AGE). Seu livro mais recente é "A Ópera dos vivos", editado em janeiro de 2008.

Comments