Os amores de Caxias
É injustificável o silêncio da televisão, tão pródiga em minisséries de conteúdo histórico, em relação a Luís Alves de Lima e Silva, o Duque …
É injustificável o silêncio da televisão, tão pródiga em minisséries de conteúdo histórico, em relação a Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. Se hoje existe um Brasil "do Oiapoque ao Chuí", como gostamos tanto de proclamar, e não uma dezena de republiquetas a guerrear entre si, devemos à sua ação pacificadora em várias rebeliões - Bahia, Maranhão, São Paulo, Minas Gerais, culminando com a da Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul.
Nem mesmo a falta de elementos de dramaturgia pode ser alegada. Aos 32 anos, já major do Exército, Caxias se apaixonou por Ana Luísa Carneiro Viana, a Anica, de 16 anos. A mãe da menina, Luísa Carneiro Vianna, viúva do desembargador Paulo Fernandes Viana, se opôs ao casamento. O marido, também chefe de Polícia do Rio de Janeiro, tinha plantado amoreiras no Campo de Santana, onde muito tempo depois foi proclamada a República, e delas cuidava com muito amor.
Ninguém sabe por quê, o imperador Pedro I mandou cortar as árvores. Poucos dias depois, Viana morreu de derrame cerebral. Luísa jamais perdoou a monarquia pelo "crime". E por monarquia, ela entendia todas as pessoas da Corte, incluindo os oficiais do Batalhão do Imperador, Caxias dentro da lista.
O casamento só foi possível através de uma tramóia, da qual participou o padre Pedro de Sovea. No dia de Reis de 1833, Luísa assistia à missa em seu oratório particular. A certa altura do ofício, o padre Sovea fez um sinal e Caxias e Anica, junto com os padrinhos, se colocaram diante do altar. Antes que a viúva pudesse protestar, o padre os declarou casados.
Aí, ela já não podia fazer mais nada. No mês seguinte, a cerimônia foi repetida na Candelária e Caxias e Anica viveram felizes para sempre.