Oportunidades no mercado do luxo

Acredito que o primeiro movimento feito pelos ses em direção ao Brasil foi feito por Francisco I, que tendo tomado conhecimento dos termos do …

Acredito que o primeiro movimento feito pelos ses em direção ao Brasil foi feito por Francisco I, que tendo tomado conhecimento dos termos do Tratado de Tordesilhas, questionou se, no testamento de Adão, o mundo teria sido dividido entre Portugal e Espanha. Fina ironia, coisa de francês.
A História avançou, ses, no século XVI, estabeleceram-se por duas vezes no Brasil, foram rechaçados, influenciaram nossa formação cultural, deram nome à capital do Maranhão e a uma ilha na cidade maravilhosa, a de Villegaignon.
Mais tarde, no início do século XIX, ações militares de Napoleão Bonaparte forçaram a vinda da Família Real para o Brasil, fato iniciador do processo que culminou com a nossa independência. Às avessas, lá estava a França interferindo na nossa História.
Daí para frente, a influência sa só cresceu. Na arquitetura, no idioma, na gastronomia, na literatura, na pintura, no teatro, na música e no cinema, a presença sa é constante.
É esta relação histórica que justifica as recentes homenagens da França para o Brasil em 2005 - Ano do Brasil na França - e neste ano - Ano da França no Brasil.
Nosso país vive um momento no qual a França tem marcado sobremaneira nosso consumo. Nenhum país no mundo domina melhor mecanismos de agregar valor a produtos e serviços do que a antiga Gália.
Vinhos, queijos, perfumes, vestuário, órios e hotéis são alguns dos espaços nos quais esta capacidade pode ser identificada. Marcas centenárias como a Louis Vuitton e outras cuja história confunde-se com o século XX como Givenchy, Dior, Lacroix, Chanel, Sofitel, Château D'Yquem representam a nata daquilo que denominamos mercado de luxo.
No Brasil, por sua vez, este mercado tem apresentado crescimento exacerbado nos últimos cinco anos, sendo que, em 2008, segundo a consultoria Bain & Company, 1,6 bilhão de dólares. A mesma fonte sinaliza que nosso país, se comparado com os demais componentes do BRIC sinaliza para a maior taxa de crescimento.
O ambiente imediatamente anterior à crise econômica propiciou o surgimento de mais de cinqüenta novos milionários por dia no Brasil. Gente que enriqueceu no agronegócio, na bolsa de valores entre outras atividades.
São informações como estas que estão a indicar uma perspectiva de ingresso de um grande número de grifes estrangeiras, principalmente sas, no Brasil, nos próximos cinco anos, sedimentando um emergente mercado, repleto de oportunidades para investimentos, novos empregos e necessidade de qualificação.
Neste cenário, Porto Alegre posiciona-se entre as cinco principais cidades brasileiras para o recebimento destes investimentos.
Estudo recente das consultorias MCF e GfK já identificaram, inclusive nosso perfil de consumidores de luxo. São mulheres, entre 26 e 35 anos, com curso superior, que consomem, em média, 2800 dólares por mês.
Interessante o mercado, não? Por paradoxal que pareça, as grifes sas, e as de outros países, já vislumbraram as oportunidades no Brasil. Acreditam que estamos menos expostos à crise mundial, em especial, nossos endinheirados.
A hora é dos empresários brasileiros aproveitarem as oportunidades que, naturalmente, surgirão. Além das grifes conhecidas internacionalmente, a demanda crescente por produtos de luxo propiciará a criação de novas marcas para este mercado.

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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