O sopro

A mim e à torcida do Flamengo, Corinthians e Grêmio sempre despertaram grande curiosidade de como se dá o processo criativo de escritores, artistas. …

A mim e à torcida do Flamengo, Corinthians e Grêmio sempre despertaram grande curiosidade de como se dá o processo criativo de escritores, artistas. Como chega o sopro criativo a eles. Li de soslaio (de rabo de olho, crianças) que alguns artistas estão desenhando como são seus ateliês. Não deixa de ser uma forma de tentar aproximar os mortais dos momentos mágicos de criação. Alguns são de fato incríveis, resultado de estudo, reflexão, dramas internos, às vezes um vinho, quem sabe uma música de acordo.


Mas, assim como o sopro que enche um balão não se enxerga, tampouco este - o criativo - se torna muito revelador. Isto porque a criatividade, ao contrário do que tentam me convencer, não tem lá muita metodologia. Cada artista e escritor tem o seu: alguns criam no meio do nada, outros no meio do tudo. Uns em silêncio, outros em sinfonia. E é isto - assim como todas as músicas que já foram criadas terem sido feitas a partir de sete notas( exceto Samba de Uma Nota Só) - o que mais intriga e fascina. A gente não vem carimbado, algo assim como "Criativo" e "Não-criativo". Vasculhar por dentro desta mente que tem inúmeras explicações, sejam elas filosóficas ou psicanalíticas, não é simples como pegar um ônibus para o centro, mesmo que errado.


Eu digo a vocês o seguinte: me considero uma pessoa criativa quando escrevo, em especial. Como faço para ser criativo? Sento e escrevo. Não que me baixe a genialidade, que disto estou longe. Mas fico ando os olhos por aí, lendo notícias, ouvindo rádio, vendo TV, bisbilhotando na Internet até que? pá, aparece algum assunto ou alguma visão ou reflexão sobre determinado assunto que me parece interessante - para mim e para os leitores - que vale a pena compartilhar. Para mim, escrever, embora solitário, é algo muito íntimo que termina sendo compartilhado. É revelar-se de forma concreta, porque depois de escrito, já era. Algumas vezes confesso a vocês que, relendo alguma crônica minha, até estranho. Penso: "Mas que legal isto que escrevi!". Para vocês verem como o ato de escrever provoca esta reflexão, este mergulho para dentro de mim de tal forma que, depois de feito, eu o estranho. Como se eu atingisse alguns níveis para dentro de mim mesmo na hora em que escrevo que, em outra hora, não atinja. Não sei. Muito estranho e muito maluco isto tudo. Mas assim se dá o processo criativo e narrativo de mim mesmo. Vou escrevendo a vida, de coluna em coluna, toda terça. Espero sempre contar com visitas, mais e mais.

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