O repugnante gesto do nazista Elon Musk

Por Márcia Martins

Depois do discurso de posse do presidente Donald Trump, em que ele exalta, em todo trecho a asquerosa supremacia branca e a ideia de que os Estados Unidos são os melhores do planeta e que todos os países precisam desta potência e blá, blá, blá, estou desde segunda-feira sem meias palavras. Chega de ficar dourando a pílula, como dizem os mais antigos, entre os quais, eu já me incluo. O que justifica e respalda, no meu entender, perfeitamente o título da coluna. Quem faz gesto nazista (e não foi um equívoco ou erro de interpretação) só tem uma definição: é um nazista.

Pois o senhor Elon Musk (e todos sabem a ideologia do empresário milionário), integrante do primeiro escalão de Trump, durante a celebração da posse, na segunda-feira (20), simplesmente fez um gesto nazista. E a única explicação possível para quem difunde a saudação nazista repetida sem nenhum vestígio de constrangimento por Musk é ser nazista, autoritário, antidemocrático e mais não preciso dizer. Ou seja, um ser mais do que desprezível. Um ser humano perverso. Mais do que na hora de classificar as pessoas como elas realmente são.

Porque ao fazer a saudação, utilizada inicialmente pelo Partido Fascista de Benito Mussolini, antes de ser adotada por Adolf Hitler na Alemanha, Musk, que é o responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental no segundo mandato não consecutivo de Trump, desrespeitou a memória de familiares, amigos, conhecidos e dos próprios aproximadamente seis milhões de judeus mortos pelo regime nazista. Musk esqueceu (será?) que o nazismo homenageado por ele com o seu gesto, perseguiu e matou imigrantes, negros, homossexuais e pessoas não enquadradas na superior raça ariana.

Nada tão destoante, me parece, das declarações de Donaldo Trump no seu discurso de posse e das primeiras medidas anunciadas de perseguição aos imigrantes e seus filhos nascidos nos Estados Unidos. Mas isso é outra história. Tão repugnante quanto o gesto nazista.

O todo poderoso dono da rede social X, entre outras tantas empresas, estranhou a repercussão em torno do seu gesto. Quer dizer: ele esperava enaltecer um regime que aniquilou com milhões de pessoas consideradas pelo ditador Hitler não à altura da supremacia alemã e ninguém reparar? Ao colocar a sua "abjeta" mão direita sobre o coração e, em seguida, estender o braço direito para a frente, em linha reta - gesto nazista repetido mais uma vez - ele confirmou sua lealdade e iração pelos sistemas políticos não democráticos e totalitários.

Se alguém mais ingênuo (quero acreditar) ou não informado (o que é difícil) duvidar da simbologia do gesto de Musk, trago o depoimento da professora de história da Universidade de Nova Iorque, Ruth Ben-Ghiat, dado ao site da BBC; "como historiadora do fascismo, posso dizer que foi uma saudação nazista, e uma bem agressiva, inclusive".

E para quem entende que defender ditaduras faz parte da liberdade de expressão, além de ter faltado às aulas de história, esquece que, nas ditaduras não existe liberdade de expressão. 

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve agens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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