O recado dos eleitores
Por Renato Dornelles

A eleição para prefeito em Porto Alegre teve uma vitória tranquila do já prefeito Sebastião Melo, que agora prepara-se para um novo mandato. O pleito, realizado com urnas eletrônicas, como há muito vem sendo em todo o país, transcorreu dentro da normalidade e, assim como as eleições anteriores já realizadas desta maneira, tiveram resultado incontestável, pois seguiu a vontade da maioria dos eleitores que foram às urnas.
Mas há motivos para reflexão. O principal, na minha opinião, está na quantidade de eleitores que não foram às urnas. Porto Alegre teve recorde de abstenções dentro de sua própria história e, nos dois turnos, entre as capitais brasileiras.
Nada menos do que 34,83% dos eleitores, ou seja, mais do que um terço, não compareceram às urnas no segundo turno - no primeiro, o índice foi de 31,51%, também o maior entre as capitais. Porto Alegre, de acordo com o TRE, tem 1.096.641 eleitores registrados e, destes, 381.965 não compareceram às urnas neste segundo turno.
Na comparação das abstenções com a votação dos dois candidatos que chegaram ao segundo turno, Sebastião Melo ficou em primeiro lugar com seus 406.467 votos, as ausências em segundo, com os 381.965, e a candidata da oposição, Maria do Rosário, em terceiro, com 254.128.
Se foram levados em conta os votos brancos e nulos, a situação fica ainda pior: em primeiro lugar, ficam os ausentes, mas os que deixaram em branco e os que anularam. Ou seja: teve mais eleitores não compareceram ou não votaram em nenhum dos candidatos do que no eleito - e, obviamente, bem mais do que na candidata derrotada.
Embora seja possível que parte dos ausentes não tenha comparecido por algum impedimento, é bem provável que a maioria tenha faltado por opção. É aí que cabe a reflexão do eleito e de seus aliados e muito mais ainda do lado da oposição. Ou os candidatos, ou as propostas, ou as campanhas, ou a política em geral, ou mais de um desses fatores combinados não entusiasmaram os eleitores. Pelo menos a maior parcela deles.