O paraíso é aqui

Temos meia hora antes do diabo perceber que estamos mortos. Devemos, por isso, aproveitar. Sidney Lumet, em seu mais recente filme (2007), confirma: não …

Temos meia hora antes do diabo perceber que estamos mortos. Devemos, por isso, aproveitar. Sidney Lumet, em seu mais recente filme (2007), confirma: não temos o controle sobre tudo. Qualquer plano mais simples pode virar um inferno. E, quando o diabo percebe, deu pro paraíso. Acredite se quiser, o paraíso de Andy (Philip Seymor Hoffman) seria morar no Brasil. E para quem não usa celular para evitar o câncer, o cara é bem incoerente.


Vamos juntos na viagem para dentro da telona, em pura vertigem, direto ao olho do furacão.


Sempre acompanhado dos mais talentosos atores, Lumet trata do crime e das incisivas nuances do acaso. Em "Um dia de cão", por exemplo, lançado em 1975, já no início do assalto ao banco, um dos delinqüentes,  jovem inexperiente, diz não querer mais participar e se manda, deixando atônitos os companheiros. Quem preveria tal situação? E quando eles já iam se safando, a refém pede para ir ao banheiro? É do coração mole e da índole comum dos personagens que saem essas tiradas. De pessoas não-profissionais que tentam a violência como forma de ascensão social. O amadorismo tem seus riscos. Pensar que tudo será muito fácil é uma característica freqüente que antecedem os desastres e acidentes dirigidos por Lumet.


Carências da vida íntima movem os personagens que levam para o risco total seus tremores e fraquezas. Os códigos morais não valem nada. Da polícia, "Antes que o diabo saiba que você está morto" deixa uma imagem péssima; sobre o gênero feminino (incluindo a droga) pode-se concluir que, apesar de darem prazer, elas exigem sempre mais dinheiro. Os homens, frágeis vítimas do sucesso, são cascas impotentes forjadas pela falta de afeto e de limites. A cena de saída do pai (Albert Finney) é a deixa. Fica uma luz infinita, uma tristeza total, um nada sem culpa. Um fade out ao contrário que nos encontra cegos. Em todos os sentidos.   


É preciso retificar. Afinal, durante toda a semana, a caseira Fu Lana pedia pra galera: bota no Camarote? E, a cada dia, todos se divertiam, dando gargalhadas com os micos e com a surpresa dos desinformados. Quem diria que Portinho rendia tanto pano pra manga? Acontece, pode estar lá. E agora, faz sentido o bordão. Claro, as piadas continuam: olha lá, o cara no sofazão! A verdade é que não se trata de  programa bom ou ruim, é bairrismo puro. O que está acontecendo numa noite tão sem graça, em nossa cidadezinha tão metida? Daí, liga no 36 e tem a pauta para a semana, já que o sofá se move e as pessoas são convidadas a ir até ele. Outro dia, tinham uns 15 pendurados em alguma parte da traquitana. É um mini-estúdio. E os convidados vão trocando durante os blocos. Uma trabalheira na produção, fora as entradas de externas. A gente fica até cansado. 

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