O Monarca e o Marketing

José Bonifácio e D. Pedro I são o que se convencionou chamar de vultos da Independência. D. Pedro pelo aspecto operacional, Bonifácio pelo estratégico. …

José Bonifácio e D. Pedro I são o que se convencionou chamar de vultos da Independência. D. Pedro pelo aspecto operacional, Bonifácio pelo estratégico.


Há, no entanto, uma figura cuja participação em nossa História precedeu a este período que teve grande relevância para os fatos que se sucederam: D. João VI.


Sua mãe era louca, ou, em tempos politicamente corretos, sofria das faculdades mentais.


A esposa ou à História como adúltera. Em épocas muito anteriores aos exames de DNA, há controvérsias acerca da paternidade de alguns de seus nove filhos. O casamento infeliz talvez se explique pela sua circunstância inicial: ocorreu quando João tinha 18 anos e Carlota 10.


Tendo migrado para o Brasil em fuga pela expansão napoleônica na Europa, a Família Real confiscou imóveis dos aqui residentes para melhor acomodar-se.


Para o Brasil, ainda que com percalços a presença de D. João foi decisiva. D. João, além de realizar obras voltadas ao desenvolvimento e urbanização da Colônia, do ponto de vista político, em 1815 tornou-se Príncipe Regente do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve. Mudou o status da Colônia, dando um o decisivo rumo à Independência.


Com fama de indolente e indeciso, D. João tornou-se rei ainda no Brasil, em função da morte de sua mãe.


Com a eclosão da Revolução Liberal em Portugal, em 1820, D. João VI foi intimado a retornar. Após muita pressão, o rei gostava do Brasil e temia viagens por mar, ele decidiu voltar à Lisboa.


Neste momento, entretanto, D. João VI mostrou sabedoria e visão de futuro. Sempre desconfio destas frases que teriam sido ditas por personagens históricos: quem gravou, o cara era tão pedante assim para falar, não teria sido obra de um ghostwriter? Porém, o que ficou para a História foi que, tendo percebido que o Brasil, em breve, tornar-se-ia (mesóclises são meio pedantes, não?) independente, o rei disse a seu filho Pedro: "Coloca a Coroa sobre tua cabeça antes que algum aventureiro o faça!".


Esta frase-conceito serve muito para nós no Marketing. Em uma era na qual, segundo o Andy Grove, da Intel, só os paranóicos sobrevivem e a concorrência vem de todos os lados, é indispensável buscar o melhor posicionamento para os nossos produtos e serviços.


Entrar primeiro na mente do mercado-alvo pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso. É indispensável ser rápido, inserir marcas com um conceito sólido no segmento que se quer atingir.


Assim, quando você estiver diante de um novo produto, pense sempre no conceito mais eficaz para seu comunicado. E diante de produtos antigos, procure imaginar quais são as alternativas de substituição dos mesmos.


Aja rápido!


"Coloque a Coroa na sua cabeça!".

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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