O mantra de Gabriela

Arrumava as malas para Vitória (ES), local onde a Comunidade do Orkut “Poemas à Flor da Pele” deflagrou, a partir do dia 26, as …

Arrumava as malas para Vitória (ES), local onde a Comunidade do Orkut "Poemas à Flor da Pele" deflagrou, a partir do dia 26, as comemorações nacionais do seu aniversário de três anos, e um vulcão entrou no apartamento. Vestido de Gabriela Martins Trezzi, minha linda filha, suas labaredas perigosas envolveram-me e desviaram minha atenção. A pequena notável, que ocupa todos os espaços e sentimentos da minha vida, parecia ter muito a falar. E uma urgência que assustava pelo seu cheiro de travessura.


A linda adolescente de 14 anos recebera, de surpresa, a primeira avaliação de 2009, ano considerado fundamental porque rompe vários ciclos. Entrar no 1º do Ensino Médio significa o aumento, nem sempre aguardado, das responsabilidades; que é preciso saber melhor onde se pisa; e que a infância, definitivamente, começa a ser trancada no quarto dos fundos. Mas, principalmente, que as dores e os sabores das nossas futuras e inevitáveis decepções ou vitórias abandonam as páginas do diário e am a ser sentidas no coração.


Só que a felicidade de Gabriela indicava uma provável erupção do vulcão positiva espalhando boas notícias no lar da pequena e sua mãe. O colégio da minha filha entrega, no meio de cada trimestre, uma avaliação pontuando as atitudes do aluno, que pode ou não refletir-se, na mesma proporção, nas notas do boletim, reado aos pais ou responsáveis no final do trimestre. Completamente líder e dona de uma personalidade forte e persuasiva, Gabriela notabiliza-se pela conversa sempre abundante, o que sempre lhe rendia letrinhas na avaliação.


No decorrer do período escolar, depois da primeira avaliação com muitas letrinhas, isto é, conselhos para rever a postura, Gabriela conseguia reverter os pontos negativos. E nunca isto prejudicou o seu desempenho nas notas. Pois o motivo de tanto êxtase da minha filha, e que interrompeu, naquele momento, o meu planejamento de viagem, foi a sensível melhora da menina no comportamento com alunos, professores e o coletivo da aula. E uma semente plantada, através da educação que lhe dei, de que mais que tudo, a vida, com o amadurecimento, nos exige mais atitude.


Meus leitores assíduos sabem da minha imensa e declarada paixão pela minha filha. São cúmplices da minha corujice e acompanham o crescimento da Gabriela através das colunas do Coletiva. E, obviamente, reconhecem a minha preocupação em lhe oferecer as melhores condições de vida. E como uma coisa puxa a outra, não ignoram que espero, ainda que isto possa sufocar-lhe, as melhores respostas. Então, pelo carinho e relacionamento saudável que experimento com aqueles que me leem, entendi que precisava dividir esta alegria com vocês.


Amigos do Coletiva (hehehe), mais uma vez este espaço serve para declarar-me uma mãe abençoada, uma mulher com seu instinto maternal totalmente resolvido, uma amiga incondicional de sua filha. E, principalmente, uma mãe inundada de emoção e satisfação com o acerto de suas escolhas e seus saberes. E aqui, assino publicamente e novamente uma responsabilidade com o futuro da Gabriela. Cada dia compreendo mais que educar é um ato fecundo de amar. E que ver Gabriela feliz é como um mantra que me move diariamente.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve agens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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