O maior caça-níqueis de todos os tempos
A engrenagem é magnífica: uma montanha de músculos, tendões e nervos. O lubrificante, imbatível mistura de hemoglobina e adrenalina, flui intensamente. O combustível, poderoso mas …
A engrenagem é magnífica: uma montanha de músculos, tendões e nervos. O lubrificante, imbatível mistura de hemoglobina e adrenalina, flui intensamente. O combustível, poderoso mas não tão abundante, é fornecido em três níveis de octanagem: ouro, prata, bronze. De quatro em quatro anos, mil Las Vegas se agrupam num só país. Os cassinos são cada vez mais deslumbrantes, milhares de novos funcionários são recrutados em todo o planeta, a seleção artificial da espécie. O sistema de apostas é apostar que o esquema é infalível, como de fato é. Eles, os promotores universais da jogatina, apostam que o planeta inteiro vai se concentrar 24 horas por dia por duas semanas no tal cassinão, e que essa audiência vai render incalculavelmente mais que o negócio anterior. Uma barbada. Os jogos - que batem recordes de anunciantes, recordes de verbas publicitárias, recordes de público pagante, recordes de transmissões e recordes de arrecadação dos direitos de transmissão, recordes de audiência e recordes de repercussão midiática, tudo infinitamente lucrativo - são jogados com muito entusiasmo, embalados por um ideal idealizado: que as vitórias não são do marketing e sim do espírito que congrega a todos, que os ganhos não são financeiros e sim esportivos, que as medalhas superam o patrimônio dos medalhões mundiais, e que a paz reina apesar dos reinados dos horrores internacionais. Isso tudo tem nome mas o que reverbera é o apelido, exaltado por efeitos de luz e som, consagrado por um dos mais bem disfarçados e rentáveis símbolos capitalistas - o pódio. No entanto, de quatro em quatro anos a humanidade fica de quatro diante deste espetáculo a explorar bolsos e mentes. Ei, quem pegou a minha cadeira perto da tv? |
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? os inegáveis méritos do evento Fronteiras do Pensamento, na edição de Porto Alegre, estão muito mal representados num anúncio que volta e meia é veiculado aqui e ali: nele, prevalece a imagem do Monumento ao Expedicionário, na Redenção. Divulgar a busca de novas idéias para uma sociedade mais aberta através de um símbolo militarista - o avesso de tudo que move o evento e o que ele promove - é um deslize de briefing, um equívoco conceitual, uma evidente contradição cultural. |
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