O fim do livro foi adiado
Até onde os observadores conseguem se lembrar, sempre houve previsões sobre o fim do livro. O rádio suplantará a leitura. Os filmes suplantarão a …
Até onde os observadores conseguem se lembrar, sempre houve previsões sobre o fim do livro. O rádio suplantará a leitura. Os filmes suplantarão a leitura. Os videogames suplantarão a leitura. Todos os tipos de inovações - CD-ROMS, a internet, os leitores de livros eletrônicos - foram apontados como substitutos da impressão em papel.
No entanto, o livro resistiu bravamente a tais novidades, conforme uma avaliação das revistas New Yorker e Prospect Magazine. As vendas continuam aumentando - a série Harry Potter, memórias de celebridades, seleções de clubes de livros estão vendendo em quantidade recorde. Até mesmo a ficção literária, aquele gênero aparentemente fora de moda e elitista, continua a encontrar grandes nichos entre os leitores.
As tentativas da tecnologia
No ano ado, a Sony lançou o Reader, o mais sofisticado aparelho eletrônico de leitura já produzido. Ele força menos o leitor na leitura do que as telas luminosas normais. O aparelho é capaz de armazenar dezenas de livros e sua bateria dura muito tempo. Mas os especialistas que testaram o produto reclamaram da falta de recursos de busca e das dificuldades para lidar com a biblioteca eletrônica da Sony. A Amazon deve lançar seu próprio sensor eletrônico, o Kindle, mas, como no caso da Sony, não se espera que seja um sucesso em vendas.
Embora a tecnologia ainda não esteja transformando os nossos hábitos de leitura, ela está modificando a indústria que satisfaz estes hábitos. O fenômeno mais óbvio tem sido o aumento de vendas através da Internet. Na Inglaterra, por exemplo, a Amazon responde por 10% dos livros vendidos. Juntamente com os supermercados - que acusaram um aumento de vendas de livros de 70% nos últimos quatro anos. As vendas pela internet povocaram a queda do lucro das redes de livrarias e das livrarias independentes. E, com relação aos supermerdados, sua política de descontos criou uma espécie de "cultura dos best-sellers".
Uma tendência oposta
A tecnologia é responsável por outra tendência oposta. Enquanto os custos de publicação de livros escritos por celebridades sobem, podem cair as despesas necessárias para tornar um livro disponível ao leitor. O próprio autor já é sua própria publicidade. Em compensação, os autores menos colados deixaram de ter de pagar às livrarias o custo pela publicação. A internet está ali.
A web oferece novas formas de fazer produções baratas. È a forma mais popular de auto-edição através do webblogs. Os blogs são desprezados com freqüência, mas agora levam uma vantagem. Não estão nas mãos de um punhado de críticos, mas outros agentes, os internautas, participam do processo. O que pode ser o caminho para o sucesso editorial, embora sejam consideradas de segunda linha.
Enfim: a pouca receptividade de aparelhos como o Reader, da Sony, e o aproveitamento dos nichos que a internet oferece indicam que o fim do livro pode estar muito longe.
