O andar de cima

Pelamordedeus! Não vá pensar que, com este texto, estou tentando minimizar as falcatruas do Senado ou que ei a achar que o seu presidente …

Pelamordedeus! Não vá pensar que, com este texto, estou tentando minimizar as falcatruas do Senado ou que ei a achar que o seu presidente é um poço de ética. Apenas gostaria de tornar um pouco mais ecumênica a crítica.
Se nada for feito, em breve vamos acreditar que se fecharmos o Senado estará resolvido o problema da indecência nas relações de poder brasileiras.
Faz algum tempo, um ministro do Superior Tribunal de Justiça foi acusado e processado, conforme notícia da revista Veja, por venda de sentenças para salvar a pele de criminosos de grosso calibre. Segundo a matéria, acusação repleta de provas. O nome da figura: Paulo Medina.
Fosse o ministro alguém da nossa casta, um membro do MSC, o Movimento dos Sem-Corporação, estaria com a vida desgraçada, desempregado e sem oportunidade. Neste momento, ele encontra-se em licença-saúde, se tudo der errado para ele, será aposentado. Irá para casa, com um arsenal de mordomias e um salário de 10 mil dólares mensais.
Caso isolado?
Sábado ado, na página A6 da Folha de São Paulo, edição nacional, mais uma pérola.
O Tribunal Regional da 3ª Região puniu a juíza federal Maria Cristina Barongeno, denunciada na Operação Têmis.
O crime da doutora? Proferiu sentenças que beneficiaram o frigorífico Friboi no qual seu pai atuava como advogado. Além disso, tem próximas relações com o lobista apontado como chefe de uma quadrilha especializada em burlar o Fisco.
A punição da doutora? Vai para casa gozar a merecida aposentadoria.
Fatos como estes desmentem a máxima segundo a qual o crime não compensa. Ou, pelo menos, torna-a uma verdade somente para alguns.
Se um miserável roubar uma galinha, não faltará um membro do oneroso Poder Judiciário para colocá-lo na cadeia.Por outro lado, como se pode ver nos casos citados: para algumas elites, o crime compensa, sim! Na ponta do lápis: recebe a grana da corrupção na qual se tenha envolvido e corre o risco. Se não for pego, segue a vida; se tudo der errado, uma nababa aposentadoria espera-o.

Estranhamente, este assunto não repercute na mídia, não agenda!
E tem gente acreditando que o Brasil está melhorando?

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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