Novo Tratado de Tordesilhas
Enquanto Hu Jintao, presidente da China, e sua comitiva eram recebidos na última semana com uma salva de 21 tiros de canhão, em Washington, …
Enquanto Hu Jintao, presidente da China, e sua comitiva eram recebidos na última semana com uma salva de 21 tiros de canhão, em Washington, um interesse vital para América Latina estava sendo discutido nas comissões de trabalho.Uma espécie de novo Tratado de Tordesilhas, não dentro do medievalismo de Espanha e Portugal, e sim entre os EUA e China. Mais fluido, mais negociado, em acordo com os tempos modernos. "China e Estados Unidos tentam evitar colisão de interesses na América Latina", limitou-se a dizer Robert Shanon, subsecretário de Estado para Assuntos Latino-Americanos.
A China, segundo o Financial Times, está prestes a tornar-se o segundo maior fornecedor do Brasil, permanecendo os EUA em primeiro lugar; fornece equipamentos, produtos eletrônicos, compra petróleo, minério de ferro e soja. Sem citar cifras, a Reuters informou que a China teria feito metade dos seus investimentos no exterior na América Latina. E que teria sido responsável por 10 milhões de empregos diretos. A expansão chinesa na América Latina pode ser avaliada pelos seus mais recentes interesses no Brasil. Irão eles colidir com os interesses americanos?
COMPUTADORES
A empresa chinesa Lenovo lançará este ano sua marca própria de computadores no Brasil, onde o mercado de informática cresceu 38% de 2004 para 2005. Atualmente, a subsidiária brasileira da fabricante chinesa comercializa computadores da marca Think, da IBM, na qual a Lenovo adquiriu a divisão PC em 2002, por US$ 1,75 bilhão. A fabricante chinesa já está preparando 700 pequenas empresas para comercializarem a marca no Brasil.
A nova linha da Lenovo será produzida na fábrica de Jaquariúna, a 138 quilômetros de São Paulo. O objetivo não será o de substituir a marca Think, mas sim alargar a faixa de mercado no Brasil. A linha a ser lançada no Brasil será a primeira da família mundial com a marca Lenovo. A linha de computadores, portáteis e de secretaria destina-se a pequenas e médias empresas para as quais a Lenovo não comercializa no país.
ALUMÍNIO
A maior produtora chinesa da alumínio, a Aluminium Corporation of China.(Chalco), vai investir no Brasil a partir do próximo ano num plano de expansão internacional que inclui a Austrália, Vietname e Guiné-Conacri. "O desenvolvimento destes mercados está ainda em sua fase preliminar e as operações não vão começar antes de 2007", disse Xiao Yaging, diretor-geral da Chalco, à agência Lusa.
Foram reservados 130 mil milhões de euros para compras de bens de capital necessários à produção de alumínio. Existem negociações para que o investimento seja feito em conjunto com a Vale do Rio Doce. O investimento da Chalco no Brasil será de 826 milhões de euros. Fechadas as negociações, a Vale e a Chalco vão construir uma unidade em Barcarena, a 40 quilômetros de Belém.
MOTORES
O grupo Chnonggig Lifan, líder chinês na produção de motos, afirmou à Press ser o único interessado na compra da fábrica de motores Daimler/Crysler no Brasil. A Lifan, empresa privada que recebeu em dezembro autorização para fabricar automóveis, é a única concorrente na venda da fábrica Tritec, em Campo Largo, no Paraná. "Depois da compra vamos tomar conta de toda a área de produção, desmontar a fábrica , tevá-la para a China, e montá-la na cidade de Chomgging", disse a um jornal de Xangai Den Piaos, responsável pelo marketing da empresa.
A fábrica é de alta tecnologia americana e alemã. O mesmo responsável disse que o objetivo da compra é adquirir tecnologia avançada e de consumo eficiente de combustível, para que o processo de desenvolvimento seja mais rápido. A empresa chinesa investiu mais de 9,3 milhões de euros no estabelecimento de quatro linhas de produção com capacidade de 20 mil unidades/ano. Pretendem um custo menor, destinando o produto ao mercado interno e exportação, inclusive para o Brasil.
