Notícias da Escola Sá Pereira
Quando minhas filhas eram crianças, eu acompanhava muito atento os exercícios e as leituras delas. Isso me obrigou a alguns "alertas" para professores e …
Quando minhas filhas eram crianças, eu acompanhava muito atento os exercícios e as leituras delas. Isso me obrigou a alguns "alertas" para professores e autores.
Quando Rachel estava sendo alfabetizada, havia um exercício para unir os desenhos cujos nomes começavam por "e": elefante, elevador, etc. Perguntei o motivo dela não unir "escada" e a resposta veio sem titubear: "È iscada, pai". A professora recebeu um bilhete para evitar esses alçapões.
O que percebi através das filhas e agora percebo através da neta Júlia, 8 anos completados em setembro, é que a educação infantil evolui sem parar. Aquilo que no meu ado escolar era quase exclusivamente ensino é oferecido hoje num pacote abrangente no qual cidadania, ecologia, sociabilidade e trabalho em grupo (formação do espírito de equipe) fazem parte do cotidiano. Nossa neta me disse, no dia das eleições, que se o Gabeira não vencesse, a turma dela não iria à escola no dia seguinte, o que foi uma descarada "boca de urna".
Esta semana recebi dela Almanaque Gente Bicho, 28 páginas, 18x21cm, que se explica nestes textos coletivos:
"O que é um Almanaque? É um tipo de revista que tem de tudo. Ele foi inventado numa época em que não havia muitas publicações populares."
"O nosso Almanaque. Ele é baseado nos bichos porque estamos estudando os animais e profissionais que trabalham com eles. Aqui têm brincadeiras, poemas, piadas e muito mais. Venha conosco para essa divertida viagem."
Fui, é claro, ao encontro dos editores, num outro texto coletivo:
"Nós. A nossa turma tem 20 meninas e 6 meninos, ao todo 26. Nossa professora Tânia é muito legal. Nós gostamos muito de aprender. Somos curiosos e estamos craques em pesquisar."
Veja o texto da minha neta, Júlia Amorim:
"Tenho um coelho chamado Pinote. Ele é muito safado e mora comigo no meu apartamento. Ele fica na casa da minha mãe porque meus pais são separados. Sabe como é. Bom, voltando ao assunto, meu coelho é branco com as orelhas pretas. Em volta do olho é preto e tem uma linha prata nas costas. Ele é muito, muito fofo. Ele fica na minha varanda com um cercado para ele não fugir. Mas esse é o problema, ele é coelho, né. Pois é, ele pulou a cerca que tinha, aí a gente aumentou a cerca, mas ele pulou de novo e de novo e a gente foi aumentando, aumentando e ele pulando, pulando. E aí chegou a uma altura que nem eu o agora. Dia 16, ele faz quatro meses, espero que ele não pule a janela".
A colega Ana Carolina escreveu:
"Eu tive uma tartaruga e ela era muito safada e era legal. Ela sempre ficava batendo na minha porta bem cedo pra me acordar. No café da manhã ela comia cenoura, alface, beterraba, cebola, etc. Eu brincava de bola e corda. Na hora do almoço, ela comia salada, no jantar, tomate e quando eu via? ela pulava no meu colo. Eu me esqueci de contar o nome dela: Tatá".
Essa Ana Carolina, com sua tartaruga-despertador pulando no colo dela, parece que vai fazer história literária no realismo mágico da América Latina. Não sei o que foi feito da Tatá, mas quanto a Touché, tartaruguinha que a minha filha Rachel trouxe do Montessori há uns 25 anos, sobrou pra mim.
Touché não me acorda nem pula no meu colo, mas, nas folgas da empregada, trocar a água da bacia dela e servir a alface é comigo mesmo.
Inté.
