Nojo de tecnologia
Algumas matérias pontuais, aqui e ali, estão indicando um fenômeno que já era previsto, mas ainda não estava devidamente diagnosticado: o horror à tecnologia. …
Algumas matérias pontuais, aqui e ali, estão indicando um fenômeno que já era previsto, mas ainda não estava devidamente diagnosticado: o horror à tecnologia. A Veja desta semana (
www.veja.com.br) traz duas matérias. Uma, referente ao maior spammer (quem envia mensagens de e-mails não solicitadas e indesejadas) americano e possivelmente mundial. Tom Cowles manda mensalmente a bagatela de 5 bilhões de e-mails. O resultado deste alucinado - e de muitos outros espalhados pelo mundo - vemos diariamente nas nossas caixas postais: uma avalanche de e-mails não solicitados e com ofertas que de forma nenhuma nos interessam. Conforme uma pesquisa feita por uma empresa americana, uma em cada três mensagens de e-mails que circulam pela Internet é um spam. A revista faz inclusive um cálculo: "Se um spammer mandar 2 milhões de e-mails para 2 milhões de internautas que usam conexão discada (aquelas mais comuns, que custam em média 5 centavos por minuto no Brasil) e cada um deles demorar sessenta segundos para abrir, identificar e deletar o spam, o prejuízo total proporcionado pelo spammer será de R$100.000. É como receber um telefonema de telemarketing a cobrar. Ou pagar pelo selo de uma mala direta. É uma verdadeira praga corporativa, assim como o gerundismo, como "Vou estar lhe enviando", "Vamos estar agendando".
Íntegra da matéria:
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A outra matéria se refere a pessoas que estão abandonando o celular, por vários motivos. Um deles seria o fato de poderem ser encontradas a qualquer hora, em qualquer lugar. O outro, o fato de não gostarem de falar em público, seja qual for o assunto. Outro, por perderem sistematicamente aparelhos de celular. E por aí vai. De fato, não há nada mais desagradável do que ser encontrado quando não se quer. E celular tocando no meio do cinema? A pessoa na mesa ao lado no restaurante, explicando em detalhes (e alto) o furúnculo da tia Maria? Por estas e por outras há pessoas que estão preferindo abandonar o celular. Voltar ao sistema antigo, quando só eram encontradas em casa ou no trabalho e que precisavam ir a um telefone público para fazer uma ligação.
Íntegra da matéria:
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Uma terceira matéria que saiu, não na Veja, mas no site Blue Bus (
www.bluebus.com.br), fala sobre uma iniciativa da 20th Century Fox, de enviar aos usuários de celular da Inglaterra uma mensagem gravada por Tom Cruise (retirada do filme Minority Report), onde ele, ofegante, diz: "Where is my Minority Report?" A idéia da empresa foi a de utilizar este recurso para divulgar o lançamento do vídeo e do DVD do filme na Inglaterra. O Media Guardian informa que usuários se queixaram desta prática, considerando-a "inadequada e desagradável".
Íntegra da notícia do Blue Bus:
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Íntegra da notícia do jornal inglês Media Guardian:
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Na realidade, o problema não é nem do celular nem do e-mail. O problema é o uso que pessoas e empresas estão fazendo deles.
No primeiro caso (spam), a utilização está se dando de maneira tão ampla porque facilmente é possível comprar um CD com 6 milhões de e-mails brasileiros por R$ 25. O meio de divulgação é fácil e barato. O que as empresas que lançam mão desta prática não estão levando em conta é que a imagem de uma organização se forma somando-se todos os momentos em que o consumidor/prospect entra em contato com esta empresa. Neste caso, iniciar uma relação com um spam gera um vício e um problema de origem. Como será que o consumidor vai imaginar a empresa que invade sua caixa postal, sem permissão, para lhe oferecer algo que, de um modo geral, não o interessa?
No caso do celular, o uso dele por parte das pessoas deve ter agregado o bom senso. As pessoas não devem ficar falando em público como se no privado estivessem. Falta educação, não há outra explicação. Por outro lado, quem não quer ser encontrado em todo local a toda hora só precisa colocar o celular no modo silencioso e utilizar uma secretária eletrônica. Todos os aparelhos e operadoras em atividade no mercado dispõem destes recursos.
O outro uso do celular, para enviar mensagens como a da 20th Century Fox (o m-marketing, sobre o qual escrevi há umas colunas atrás), pode ser excelente, desde que bem istrado. A taxa de retorno a iniciativas de m-marketing é altíssima. Porém, como todos os novos meios de comunicação, devem ter a expressa autorização do usuário. Caso contrário, possivelmente geram a reação que os ingleses estão tendo: antipatia.
Resumindo, fica claro para mim que o problema não é o celular nem o e-mail. Tal como uma faca, não causará prejuízo algum, desde que bem utilizado. A faca serve para cortar alimentos e ar geléia no pão. Mas pode matar também.
Como usuário contumaz de tecnologia, entendo que as empresas que estão lançando mão das práticas que descrevi acima não estão nada preocupadas com suas imagens. Seu foco não é marketing. É vendas. Não há estratégia. Não há planejamento. Só há a sede de vender, do jeito que for. Risco à vista.
Campus
O lançamento que recebi da Campus parece ter antecipado de certa forma o tema da coluna: "O Século Eletrônico", de Alfred Chandler Jr., faz um grande levantamento sobre a evolução da indústria eletrônica e de informática, seus sucessos e insucesssos. Leitura muito interessante.
Bookman
A Bookman está tirando do forno uma série de lançamentos fantásticos para 2003. Vale a pena ir conhecendo ando o site
www.bookman.com.br.
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[email protected])