No gás, política e esperanças

Na última semana, Néstor Kirchner, presidente da Argentina, negociou com Evo Morales, presidente da Bolívia, o aumento do preço do BTU (Unidades Térmicas Britânicas) …

Na última semana, Néstor Kirchner, presidente da Argentina, negociou com Evo Morales, presidente da Bolívia, o aumento do preço do BTU (Unidades Térmicas Britânicas) utilizado para medir o gás. Ambos com motivos políticos. Kirchner não quer que a indústria argentina desacelere seu ritmo num ano eleitoral, 2007, quando pretende reeleger-se. Morales para provar que sua nacionalização dos hidrocarburetos, anunciada a primeiro de maio, deu certo. Nesta terça-feira, 4, realizou-se a reunião da Cúpula do Mercosul, em Caracas,destinada a oficializar o ingresso da Venezuela no no bloco. Evo foi convidado, e  conversou diretamente com Lula, já que a Petrobras mantém-se irredutível em manter os contratos já feitos. "Falarei com Evo quantas vezes ele quiser", disse Lula, "Mas estou aqui em Caracas para o ingresso da Venezuela no Mercosul. O diálogo existe, mas sem pressa ou preocupações eleitorais", contou El Pais.


O ACORDO COM KIRCHNER


Um aumento de 50% foi o que Morales e Kirchner acertaram, disse a agência EFE. Pelo acordo, o preço do gás que a Bolívia fornece à Argentina ará de US$ 3,50 por milhão de BTU para US$ 5 em sua primeira fase e, a partir de janeiro, para US$ 5,50. Isto significou todo o apoio de Kichner a Morales. Parte do gás será reada ao Uruguai e Chile, este último com o qual a Bolívia não mantém relações diplomáticas. A Bolívia exporta 7,7 milhões de metros cúbicos diários para a Argentina. Além disto, foram ratificadas medidas destinadas à situação dos imigrantes que vivem na Argentina, depois da explosão de uma oficina que operava na clandestinidade.


MORALES CORRE


Utilizando como trunfo os bons preços obtidos com Kirchner, após a visita-relâmpago até a Argentina, Morales correu até Cochabamba para estimular a votação em seu partido, o MAS ( Movimento ao Socialismo) para a Assembléia Nacional Constituinte.. Morales necessitou desta Assembléia para "refundar" a Bolívia através de uma nova Carta Magna. Contra ele estão os "autonomistas", liderados pela industrializada Santa Cruz de La Sierra, que desejam maior independência em relação ao poder central. Cinqüenta e três por cento dos 3,7 milhões de eleitores cadastrados deram vitória a Morales. Este anunciou domingo que convidará os membros do Mercosul para a posse da nova Assembléia Nacional Constituinte. Morales discursou durante seu voto chamando de "engravatados" os que não querem o "bem da Bolívia" A direita teme que, com a maioria na Assembléia, ela se transforme num órgão esquerdista. A direita não terá vez.


PETROBRAS.MANTÉM CONTRATO


O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, reiterou na última sexta-feira que a empresa não aceitará um aumento fora das cláusulas contratuais no preço do gás. A empresa investirá nos próximos anos US$ 1,87 bilhão, sendo em grande parte a prospecção de gás natural. "Só que nós temos um contrato. Estamos conversando nos termos do contrato", disse. O contrato firmado entre Brasil e Bolívia prevê reajustes trimestrais no preço do gás fornecido ao Brasil, com base na oscilação de preços de uma cesta de óleos combustíveis. "Na quinta a Argentina aceitou um aumento de quase 50%, mas eles não têm contrato", observou Gabrielli.


AS ESPERANÇAS BOLIVIANAS.


Na sexta-feira ada,  Brasil e Bolívia instalaram formalmente uma mesa de negociação. "Mas sempre dentro do contrato", reiterou o presidente da Petrobras. As esperanças bolivianas vão longe. O novo preço do gás boliviano para a Argentina foi de US$ 5 por um milhão de BTU. A Petrobras paga atualmente US$ 3,50 por BTU, em compras diárias de 28 milhões de metros cúbicos vital para o mercado industrial de São Paulo. A Bolívia pedirá ao Brasil entre US$ 7 e US$ 8 por um milhão por BTU. A Petrobras procura saídas da  armadilha boliviana. Além das pesquisas no próprio solo, confirma a prospecção de petróleo e gás na Índia e no sudeste asiático. Se não conseguir fazer valer o contrato a Petrobras recorrerá à arbitragem, que Morales aceita ou não  conforme suas declarações contraditórias..

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