Necessidades e desejos

A mitificação do Marketing conduz a afirmações equivocadas. Algumas delas indutoras de equívocos na compreensão da sua própria função. É comum encontrarmos a afirmação, …

A mitificação do Marketing conduz a afirmações equivocadas. Algumas delas indutoras de equívocos na compreensão da sua própria função.


É comum encontrarmos a afirmação, ou seria acusação?, de que o Marketing gera necessidades.


Necessidades humanas são descritas a partir da hierarquia estabelecida por Abraham Maslow. Segundo ele, as necessidades humanas vêm desde a sede e a fome até a plena realização pessoal. Esta última atingível apenas por um pequeno grupo de pessoas.


Há necessidades de abrigo e proteção, de afeição e integração, e até mesmo, necessidade de reconhecimento e status.


Aborígenes, é bom lembrar, nunca expostos a qualquer ação de Marketing, apresentam a necessidade de distinguir-se no seu meio social.


Ora, se o Marketing é incapaz de gerar necessidades, como ele lida com elas?


O Marketing tem uma grande capacidade para identificar necessidades e, a partir de produtos e serviços, atendê-las.


Necessidades são intrínsecas aos seres humanos, cabe às organizações identificá-las e procurar saciá-las da melhor forma possível.


Neste sentido, a tecnologia, ao longo da História, vai apresentar soluções cada vez mais sofisticadas. Na Grécia Antiga, a necessidade de calcular era atendida através da utilização de pedras e ábacos, calculadoras mecânicas ou eletrônicas e, finalmente, computadores foram apenas outras soluções para uma necessidade ao longo do tempo.


É, portanto, impossível ao gestor de Marketing criar uma necessidade; o que ele pode, e deve fazer, é não apenas identificar, mas principalmente antecipar-se às necessidades de seus clientes.


Caso você tenha dúvidas em relação a esta limitação do Marketing, proponho o seguinte desafio: crie uma estratégia para gerar a demanda por uma máquina de enlatar água quente. Ou por um dispositivo para desentortar bananas?


É através do Marketing que, feita esta identificação, pode-se gerar desejo por uma solução específica. Em outras palavras, o Marketing não gera a sede, porém tem a grande capacidade de sinalizar aos consumidores que a melhor forma de saciá-la é através de uma determinada marca de refrigerante.


É o que chamamos de capacidade do Marketing de ativar desejos.

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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