Milhões em risco

Nos últimos meses, vemos na TV vários jogadores de futebol que aram mal durante um jogo, vítimas de trombadas ou de outras causas. Até …

Nos últimos meses, vemos na TV vários jogadores de futebol que aram mal durante um jogo, vítimas de trombadas ou de outras causas. Até aí, não haveria nada de tão extaordinário, pois são atletas, jogam um jogo de contato físico e são exigidos fortemente em seu preparo físico.
O - para dizer o mínimo - chocante vem na hora de estes atletas serem atendidos. Nas ocasiões em que vi estes atendimentos, eles se deram de forma improvisada e demorada. Entram desajeitados maqueiros em campo, colocam o atleta na maca e saem com ele, sujeito aos solavancos das corridas. Ou, mesmo que transportados em carros-maca, quando demandam um atendimento mais rápido, este acaba sendo demorado. Não falo dos médicos dos clubes, que estes estão sempre prontos a atender. Mas da necessidade de algum equipamento ou atendimento de urgência. Aí a coisa complica.
Eu estava vendo um jogo de futebol em que o jogador, em função de uma cabeçada em que ele acertou a bola e a cabeça do adversário, tombou desmaiado. Aí, entrou o carro maca e os demais jogadores tentavam reanimar este atleta. Conseguiram e ele novamente desmaiou. Então, teve que ser levado ao hospital mais próximo. Como foi a sua saída de campo? Em uma maca, com os maqueiros descendo escadarias - sacudindo e demorando, portanto - em direção ao vestiário. Para então tomarem uma ambulância e saírem para o hospital. Veja: o atleta foi transportado dentro de uma maca, escadaria abaixo, pelos maqueiros. E se um deles tropeça?
Noutra ocasião, assistia a um outro jogo e o goleiro de um dos times, em função de uma disputa de bola normal, bateu com a cabeça no joelho do atacante adversário e caiu desmaiado. Assim ficou por um bom tempo, até que entrou em campo o serviço de emergência. Apesar da demora, pensei, ele ia ser finalmente atendido. Porém, a ambulância (no caso era a Unimed) não conseguia sair do estádio, pois a rampa móvel de o ao gramado (por onde também deve entrar o caminhão do corpo de bombeiros, policiais, etc) estava totalmente interrompida pela torcida. Foram alguns minutos de angústia até que a ambulância pôde sair em desabalada carreira para o hospital, com a sirene ligada.
Não é preciso ser médico para saber que alguns segundos, num atendimento de urgência como os que narrei, são fundamentais. Podem ser a diferença entre a vida e a morte e entre ter ou não seqüelas. Além da questão humana, de serem pessoas que precisam e merecem o atendimento no tempo devido, há uma questão econômica em jogo: jogadores de futebol são transacionados por valores astronômicos, na casa de milhões de euros. E é este o atendimento de urgência que recebem? E se um atleta destes vem a falecer ou fica com seqüelas? Não consigo compreender. E não estou falando de um ou dois estádios. Praticamente a sua totalidade, no Brasil, não tem as menores condições de pronto atendimento. Não seria momento de uma revisão neste cenário? De uma alteração radical nele?

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