México, o fim de uma era

Luís XIV governou a França durante setenta anos, um dos mais longos reinados dos quais se tem notícia. Mas foi superado pelo mexicano PRI …

Luís XIV governou a França durante setenta anos, um dos mais longos reinados dos quais se tem notícia. Mas foi superado pelo mexicano PRI (Partido Revolucionário Independente), que amargou a primeira derrota em 2000, para Vicente Fox (Partido de Ação Nacional), depois de 71 anos de poder. "A culpa é do Roberto Madrazo, que prometeu unir o PRI e não cumpriu sua promessa, antes pelo contrário", dizem senadores que correm para outras legendas.


Madrazo está agora em terceiro lugar nas pesquisas, lideradas por Andrés Manuel López Obrador, indígena que trabalhou como assistente social em Tabasco, e foi prefeito da cidade do México. Em segundo lugar está Felipe Calderón, ex-ministro de Energia do atual governo. As pesquisas se alternam, mas o esquerdista Obrador lidera na sua maioria. Teremos, então, a esquerda indígena batendo às portas dos Estados Unidos. A eleição é no próximo domingo, dia 2 de julho.


Seu ídolo não é Tchê


Embora esquerdista, do PRD(Partido de Renovação Democrática), como informa a Reuters, que ninguém espere grandes revoluções por Obrador, se eleito. Pode-se esperar mudanças com Obrador. Mas seu ídolo não é Che Guevara, e tem moderada iração pela presidente chilena, Michelle Bachelet. Tudo indica que não será aliado do eixo de Hugo Chávez (Venezuela), Fidel Castro (Cuba) e Evo Morales (Bolívia).


López Obrador ou a maior parte dos últimos três anos como líder nas pesquisas. Calderón caiu após alegações de que seu cunhado sonegou impostos  e obteve contratos governamentais suspeitos na época em que Calderón era Ministro, e faz sua defesa dizendo que seu adversário é um perigoso populista.


A blindagem de Fox


O México tradicionalmente enfrenta turbulências políticas e econômicas às vésperas das eleições. Mas o Ministério das Finanças anunciou na última quinta feira, 22, que vai antecipar o pagamento de US$ 7 bilhões devidos ao Banco Mundial e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, o que ajuda a estabilizar a economia.


"Fizemos de tudo para blindar nossa economia de qualquer risco", disse o presidente Fox. "Isto nos permite garantir que o processo eleitoral e a transferência de poder se dêem sob as condições mais favoráveis". A decisão tranqüilizou Wall Street, como assegurou Enrique Alvarez, diretor de pesquisas para a América Latina da consultoria IDEAGlobal.


Disposição americana


"Obviamente, os Estados Unidos estariam mais confortáveis com Calderón, porque ele seria muito mais previsível e também mais sintonizado com o modelo norte-americano para a economia mexicana. Ao mesmo tempo, os EUA estão mais do que dispostos a trabalhar com López Obrador", disse Pamela Starr, do Eurasia Gtroub, de Nova York.


El Pais adiantou que o especialista em pesquisas de opinião John Zogby, da Zogby  e Associados, alertou que está em jogo o futuro no influente vizinho no momento em que México e EUA discutem sobre fronteiras e questões migratórias, enquanto outro países se voltam para a esquerda.


Federal Reserve


Os homens de negócio mexicanos não estão preocupados com o 2 de julho. Sua preocupação é com os dias 28 e 29 de julho, quando o Federal Reserve, o Banco Central americano, sinalizará para a taxa de juros. Através da ata da reunião presumem que a taxa referencial e de 5 para 5,25% ao ano. Isto significa um desaquecimento da economia americana, que refletirá imediatamente no México. E é o ambiente externo que vai prevalecer quando Obrador, se for eleito, tentar resolver os problemas internos.


Pretende denunciar cláusulas de acordos do Nafta, que reúne México, Canadá e EUA, embora não diga quais. "Mais do que as eleições, vale o ambiente externo", disse a Reuters Fernando González, diretor de pesquisas econômicas do banco espanhol BBVA no México. Obrador foi categórico: "Não serei cachorrinho dos americanos". O que significará, realmente, uma nova era para o país, segundo o Financial Times.

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