O melhor ensejo ao ano que entra foi "dada a conjuntura local, estadual, nacional e até internacional, sejam otimistas: preparem-se para o pior". Sem ironias, disse o autor, um querido professor, mas convidando-nos para persistirmos na luta.

Sendo assim, continuaremos tentando. Fu Lana compreende que o talento - para quem não nasceu com ele - deve ser estimulado, provocado, caçado a cada sinal de esmorecimento. Ela mesma já identificou quedas de produção alarmantes. E vale tudo, desde fazer aulas de ballet (se funciona para os bombeiros de Nova Iorque?) a cursar oficinas de literatura (tem gente que freqüenta as oficinas há quatorze anos?), ou apelar para exercícios explícitos de Tai Chi. Mas nem tudo dá resultado. A multidisciplinar vida diária faz de nós marionetes. E o designer, hoje, pode ser fotógrafo, escritor, publicitário ou até mesmo editor.

Este é o caso de dois vencedores de 2008, para ficar apenas no Açorianos de Literatura, um dos principais prêmios de nossa terrinha, que destaca a cada período, os melhores trabalhos locais, já há quinze anos, na tradicional Noite do Livro. Fu Lana não poderia deixar de prestigiar nesse pequeno espaço suas categorias preferidas: capa e projeto gráfico. Durante a premiação, as categorias não-literárias não são mostradas ao público no telão, e aqui nesta clônica, Fu Lana pretende reparar a falta. Publica os dois livros vencedores em Capa, de Rudimar Messias, com o livro Eros em Decúbito e Projeto Gráfico de Manoel Petry, em Porto Alegre, Cenas Urbanas Paisagens Rurais.

Concorriam livros belíssimos. Citando apenas dois deles: Palácio Piratini, com design de Marília Vianna, e o livro do Planeta Atlântida, com desenho gráfico de Flávio Wild (que em 2009 promete abater impiedosamente seus concorrentes com o impecável Theatro São Pedro 150 anos, já vencedor do Salão APDesign /Prêmio Bornancini na categoria Design Editorial, ainda em 2008).

O curioso é que Rudimar Messias, na verdade, é um escritor, publicitário e oficineiro de Charles Kiefer, e Manoel  Petry um fotógrafo e sócio da empresa Cappela Design. Curioso porque na cabeça tola de Fu Lana, o design toma uma força exclusiva, nas palavras do presidente Norberto Bozzetti, da APDesign: "O design é um dominador impiedoso. Uma vez instalado na nossa vida, nos impõe uma fidelidade, consciente ou inconsciente, de que nunca mais poderemos abrir mão."

Sendo assim, Fu Lana tem como meta pessoal para 2009, aprimorar sua pesquisa, reencontrar o fio da meada e reinventar os caminhos, porque o professor já a alertara: a esperança é de que a coisa vá ficar ainda mais difícil. Portanto, vamos à malhação mental. Precisamos promover um refinamento da sensibilidade, forçar a criatividade ao máximo, nem que seja com muito esforço. Afinal, buscar é possível.

É como disse um infiltrado amador em um grupo de profissionais, denominado Infocrack, formado por fascinados pela informática, sistemas, programas, senhas, bites e bytes. Enquanto os caras perguntavam ansiosos entre si sobre os novos sistemas, como entrar em um programa criptografado, ou como entender o MP11, o cara mandou um e-mail coletivo para todos os integrantes dizendo assim: sugiro ler um bom livro. Qualquer um.

Agüentem 2009. Quem sair inteiro dele, ao menos respirando, já está no lucro.