In forma (09/04)
Por Marino Boeira

O NOVO DR. FANTÁSTICO
Obviamente alguém já disse isso antes, mas não custa repetir que as redes sociais e o YouTube, criando mais facilidades para que todos possam dizer publicamente o que pensam, mergulhou o mundo numa torrente de tolices e obviedades.
Nesse festival de banalidades que ultraa em muito o famoso Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País) que Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) popularizou no Brasil no século ado, até mesmo, ou principalmente, figuras públicas se destacam.
Campeão disparado nessa disputa é o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele é como aquele idiota da família que para chamar a atenção diz as maiores asneiras, mas ninguém leva a sério. Só que Trump é a autoridade máxima de um país que tem armas atômicas apontadas para o mundo inteiro.
Seria Trump a versão atualizada do Dr.Strangelove? Em 1964, Stanley Kubrick fez um dos seus melhores filmes, chamado no Brasil de Dr. Fantástico, em que ironizava os generais americanos que viam um comunista em cada esquina e que termina com um deles montado numa bomba atômica no rumo de Moscou.
O comunista que ameaça a liderança dos Estados Unidos não é mais russo, mas chinês. Em vez da bomba atômica, ainda que ela não tenha sido totalmente descartada, a guerra proposta por Trump é de tarifas comerciais.
Que ele defenda os interesses dos Estados Unidos está dentro das suas obrigações, mas que ele fizesse isso com algum tipo de civilidade é o que se esperava de um presidente, mas não é o que acontece com Trump.
No final fica a desconfiança de que ele está apenas blefando e que as cartas que ele tem na mão não são as melhores do jogo porque elas estão em poder do Xi Jinping e seus camaradas chineses.
Enquanto Trump dá vexames públicos com alcance mundial, o nosso presidente renova diariamente seu estoque de frivolidades falando sobre temas menores.
Depois daquela história ridícula de chamar a atenção para a discutível beleza da sua nova ministra Gleisi como forma de azeitar suas relações com o Congresso e da comitiva de parlamentares que formou para acompanhá-lo na viagem à Ásia, sem esquecer sua defesa do direito da Janja de dar palpites sobre tudo que acontece no governo, Lula começa a nova semana se defrontando com um problema real, a denúncia de corrupção de um dos seus ministros, ressuscitando os fantasmas do Mensalão e do Petrolão.
O ministro Juscelino (seria alguma maldição do nome?) colocou Lula numa encruzilhada: ou demite o ministro e arrisca perder o apoio de um dos partidos da direita, o União Brasil, que faz parte do seu governo ou abre espaço para uma nova Lava Jato.
A semana promete grandes novidades vindas de Washington e Brasília