Gabriela, árvores & livros
Os mais antigos defendem que o ser humano alcança a felicidade na sua plenitude somente depois que plantar uma árvore, tiver um filho e …
Os mais antigos defendem que o ser humano alcança a felicidade na sua plenitude somente depois que plantar uma árvore, tiver um filho e escrever um livro. Não necessariamente nesta ordem. É como se depois de cumpridas estas etapas, a gente recebesse um comprovante, com o nosso débito quitado, para seguir novos caminhos. Na teoria pessimista, o humano já poderia morrer tranqüilo (uau, que fúnebre!). E, na otimista: ganhar forças para traçar planos mais ousados ou impossíveis de realizar. Como transito pela fase otimista, devo avisar aos meus oito leitores (aumentou!!!) que me encontro em período fértil de criação para o futuro.
Perdi a conta das árvores que plantei pelos solos mais áridos ou mais propícios ao crescimento da safra. Afinal, depois que se começa a comemorar os "entas", quem usufruiu de uma vida normal (infância, adolescência, quase adulto, adulto, maduro e sábio, pré-velho e velho) tem mais a comemorar do que a simples, mas totalmente marcante na trajetória de todo o ser, experiência de plantar feijãozinho no punhado de algodão. Então, sou uma cidadã completamente responsável pelo título que Porto Alegre ostentou, no ado (não sei se manteve na istração atual) de capital mais arborizada do País.
O requisito para fermentar o verde do meu "planetinha" foi cumprido, até com certa facilidade. Mesmo depois de crescida, continuei plantando árvores, no chão, ou no coração das pessoas que hoje formam a minha grande rede de apoio na vida (colegas, amigos, companheiros de militância, amigos quase que irmãos ou irmãs e familiares de sangue). Logo, receber o carimbo da contribuição para a ocupação qualitativa da terra, com o nascimento da minha filha, há quase 14 anos, com o apoio de tantas pessoas, foi outra tarefa fácil. E gerar um (a) filho (a) e vê-lo crescendo dia-a-dia, pode ser o atalho para a felicidade total.
Não é segredo para quem me acompanha aqui no Coletiva há algum tempo ou para aqueles que privam da minha seleta presença, o meu incontestável e inigualável amor pela Gabriela Martins Trezzi. O cordão umbilical que um dia nos uniu enquanto eu ainda nem imaginava com que rostinho ela iria nascer, deve ser o responsável pela força que me invade toda vez que necessito defender, com unhas, dentes e, se preciso uma dose de incoerência, a doce e elétrica Gabriela. Mas só descrever esta minha disposição pode parecer pouco diante do tamanho do meu amor pela adolescente e linda Gabriela, castanha de olhos verdes.
Para ser mãe e pai, acima de qualquer outra qualidade, é preciso uma porção significativa de abnegação. Ou seja, muitas vezes, é urgente que mães e pais responsáveis risquem de suas agendas tumultuadas a ida ao salão de beleza; o jogo de cartas com os amigos; o filme que recém estreou no cinema; o futebol do final de tarde; a especialização profissional ou aquela viagem ao exterior tão sonhada. A menos que você disponha de uma infra-estrutura de auxílio perfeita (avós prestativas, madrinhas presentes, parentes disponíveis) ou recursos financeiros suficientes para injetar em babás, auxiliares, motoristas, aulas particulares; desista de muitos programas e assuma seu papel ao lado do seu filho.
Portanto, seu (sua) espertinho (a) não fique imaginando que gerar um filho é um dos três itens que lhe irá lhe assegurar a felicidade verdadeira, sublime e até merecida. Você deve responder pelo desenvolvimento do novo ser. No meu caso, a Gabriela é uma daquelas pessoas que podem ser consideradas seres de luz. Uma superamiga, aluna exemplar, uma das amigas mais procuradas pelas melhores amigas sempre que alguma decisão exige sensatez, uma filha-modelo, companheira de todos os meus infortúnios e alegrias. De suas relações, somente quem merece e pede muito (mas insiste mesmo) recebe um sinal de desaprovação.
E o livro? Bem, seguindo a ordem natural da vida, só poderia ter a Gabriela como musa inspiradora. É pouco perto do que sei ser possível escrever sobre a vida, amores, família, filhos e, principalmente, a sorte de quem tem uma filha chamada Gabriela. Junto com outros integrantes da comunidade "Poemas à Flor da Pele", lanço, amanhã, dia 9,