Gabiru e a política

Faz quase um ano. Acordei mais cedo que o usual no domingo para assistir à final do Mundial de Clubes que aconteceria no Japão. …

Faz quase um ano. Acordei mais cedo que o usual no domingo para assistir à final do Mundial de Clubes que aconteceria no Japão. De um lado, a constelação do Barcelona; de outro, um grupo de corajosos brasileiros vestindo o sagrado manto vermelho. No meu íntimo: se tudo desse certo, perderíamos com honra, aqueles um ou dois a zero com galhardia.


Começa o jogo e o tigre catalão revela-se mais frágil que se supunha e os jogadores do Inter pareciam mais determinados que nunca. Pensei: isto vai acabar nos pênaltis, e aí, só Deus sabe.


Lá pelo meio do segundo tempo, o mais importante jogador colorado sai de campo extenuado. Seu substituto: Adriano Gabiru. Definitivamente, para mim, e para quase toda a torcida do Inter, um jogador pouco confiável.


Cerca de dez minutos após a substituição, o que ninguém esperava acontece. Num lance que misturou velocidade, força, impulsão, sorte e um empurrão de mais de 10 milhões de colorados espalhados pelo planeta, o desacreditado Gabiru liquidou o grande Barcelona, no estádio de Yokohama.


Colorados de todos os matizes aram a penitenciar-se. Frases com "me perdoa, Gabirú (sic)" apareciam em todos os cantos. O alvo do desprezo de grande parte da torcida havia tido a mais decisiva participação no maior título da história do Clube.


Coisas da vida?


Ontem, à noite, tive uma sensação semelhante assistindo à TV Senado.


Toda vez que o assunto da chamada Câmara Alta vem à baila sugiro que a Casa seja extinta. Argumento que é um grande cabide de empregos, acobertador de crimes e gerador de despesas inúteis através de gráficas, automóveis e outras sinecuras.


Mas a madrugada de ontem foi diferente: o Senado impôs a esta máquina de desperdiçar dinheiro que é o Desgoverno Lula uma fragorosa derrota.


Eu seu, eu sei? Eles vão dar um outro jeito de espoliar a sociedade. Precisam recursos para fazer a TV Traço, empregar a companheirada e, através das benesses sem reciprocidade, eternizar a miséria no nosso País.


Entretanto, ainda que tenha sido por pouco tempo, ver esta turma com cara de corintiano depois do rebaixamento, como diz aquele comercial, não tem preço.


Pelo menos hoje: "Me perdoa, Senado!".

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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