Fuja: geminiana em inferno astral
Por Márcia Martins

Nada deve ser mais evitado do que uma geminiana em período de inferno astral. Se possível, não contrarie, não discorde muito dos argumentos, não provoque irritação, não estimule polêmicas, não dê motivos para controvérsias. Deixe que ela, a geminiana nesta condição, pense que tem razão, que focinho de porco é tomada, que nada mais pode acontecer, que amanhã será realmente outro dia e não prolongue e nem arraste as explicações. Se uma geminiana não pode ser considerada uma pessoa exatamente fácil, imagine essa pessoa no meio do inferno astral. Fuja enquanto é tempo.
Quem lhes dá esse conselho é nada mais nada menos do que uma geminiana vivendo o terrível inferno astral. E, ao mesmo tempo em que a coluna serve de alerta para evitar aproximações desnecessárias até o dia 9 de junho, quando eu troco de idade, termina o inferno e inicio um novo ciclo no calendário, é uma forma sutil (será?) e até simpática (acho) de lembrar que as geminianas legítimas, da gema, e do segundo decanato, gostam muito de ser lembradas na data do aniversário. Por favor, nada de se enganar, tá bom?
Para quem não é muito adepto do estudo da astrologia (ninguém é obrigado a nada, ok?), explico que o tal inferno astral consiste nos 30 dias anteriores à data do aniversário do vivente. No meu caso específico, como vim ao mundo num dia 9 de junho de muitos anos atrás (não se esqueçam das felicitações, cartões, flores, telefonemas), desde o dia 10 de maio (sábado ado) estou totalmente mergulhada numa fase de trevas, escuridão, sucursal do caos. Simples. Quando tudo pode dar errado. Realmente dá.
Diz a crença astrológica (e eu acredito que nem sou doida de duvidar) que nos dias anteriores à data do aniversário, a pessoa esbanja sensibilidade e, por isso, o universo conspira contra o futuro aniversariante. Energias positivas costumam não ter boa relação com o corpo e mente da pessoa em questão e ela fica muito suscetível às más situações e à falta de sorte (não, juro que não vou falar e nem mesmo escrever aquela palavrinha).
Se vocês pensarem que estou exagerando, asseguro-lhes que são anos e anos de convivência com infernos astrais. Que já é péssimo para um simples mortal. Agora para uma geminiana que transpira este signo por todos os poros (ascendentes, descendentes, anteados, sol, lua, planeta e o que mais vier em gêmeos), são 30 dias sombrios, com um somatório impressionante de energias negativas, sempre à espreita na espera da oportunidade ideal para atacar e me nocautear.
Por isso, pensei em ostentar placas de advertência com lembretes dizendo: "estou em obras para melhor atendê-los" ou "evite contato, em quarentena" ou "perigo, afaste-se". Pelo menos qualquer desentendimento não será por falta de aviso. Porque se alguém falar que sou boba, poderei cair em pranto profundo. Qualquer dor, até mesmo a rotineira enxaqueca, será um problema irremediável, aquela cicatriz do amor mal resolvido poderá voltar a cutucar a lembrança e a luz no final do túnel não tem jeito de aparecer.