Hipocrisia e cinismo. Qual a diferença? Perguntas como esta desconcertam a gente, pelo menos durante os meses de verão nos quais estamos absolutamente descompromissados. Pois a menina olhava para Fu Lana e, aos 40 graus na cidade de sauna a vapor, castigava: ouvi na banda Charlie Brown. Outro dia, vinha faceira Fu Lana na praça onde havia feira. O sol era ameno e brisava. Num dos recantos, estava um carro com a porta aberta, cercado de crianças com menos de 40cm (ou quase isso,) dançando uma musiquinha muito engraçadinha e suave. Fu Lana foi pertinho e perguntou: o que está tocando? Um deles respondeu: Chimarruts, e o outro completou: também Armandinho. Crianças. am o tamanho de uma régua e já estão recitando poemas nas praças.
Mas de nada adiantava. Fu Lana fazia que não estava prestando atenção e a menina ali. Olhos pretos molhados e cheios de cílios. Está bem, ela tentou. Depois de tentar um exemplo com mendigos e novelas, utilizando artifícios teatrais, finalmente rendeu-se. Ela também não sabia explicar e, talvez nem o que fossem, as duas palavras. E aquela menina tinha escutado no Charlie Brown? Alienados somos nós.
No dicionário: hipocrisia é falsidade e cinismo é cara-de-pau. Num caso, você é falso e no outro nem precisa esconder. Até se diverte com isso. Li outro dia no Jornal Boca de Rua: a classe média é hipócrita. Eu sou classe média. Eu sou hipócrita? Sofismas à parte, aquela menina tirou mesmo Fu Lana do seu adormecer. E Lana disse: menina, vai brincar. Não fica assim raciocinando (e incomodando os cérebros acomodados).
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