Fim do mundo

Fim do ano chegando, haverá muita profecia sobre morte, casamento e divórcio de gente famosa. Há sempre gente, famosa ou não, morrendo, casando e …

Fim do ano chegando, haverá muita profecia sobre morte, casamento e divórcio de gente famosa. Há sempre gente, famosa ou não, morrendo, casando e se divorciando.


Nenhuma previsão, porém, vai falar da prisão de grandes gatunos no Brasil. É tão raro que nem mesmo os adivinhos mais peitudos arriscam palpite. Sabem que a furada é certa.


É o fim do mundo, pensarão os desanimados. Mas não pensem em voz alta que logo aparece profecia de fim do mundo. Já contei aqui que, nos idos de 1936, em Santa Maria , pessoas correram às igrejas para benzer velas com as quais pretendiam iluminar os caminhos do além: o mundo ia acabar! Tinha até data marcada. Houve até briga de padre por causa das velas. Quando chegou o dia, Deus decidiu continuar com o mundo e festejou a decisão com uma das manhãs mais radiosas que já presenciei na minha vida.


É uma história ingênua, em nada comparável à da vigarista inglesa Mary Bateman, dona de uma galinha que, de repente, começou a pôr ovos com a inscrição: "Cristo vem aí". A notícia espalhou-se e uma multidão correu à taberna onde ela trabalhava.


Mary anunciou ter recebido mensagem divina de que o mundo acabaria tão logo a galinha pusesse o 14º ovo com a inscrição. Ela tinha o segredo da salvação, mas só contava a quem lhe pagasse a revelação.


Quem concordou, recebeu um aporte para o céu, com as iniciais JC, caprichosamente desenhadas. Tudo correu bem até o dia em que Mary foi surpreendida em atitude incondizente com a santidade da missão: tentava enfiar um ovo, com a inscrição sagrada, no traseiro da galinha. Que, aliás, protestava ruidosamente contra a invasão de privacidade.


Mary acabou na cadeia e o mundo seguiu lampeiro, sempre com otários dispostos a entregar seu dinheiro ao primeiro espertalhão que encontrarem.

Autor

Jayme Copstein é jornalista, com atividade em jornal e rádio desde 1943,com agens pelos principais veículos de Porto Alegre. Trabalhou 22 anos no Grupo RBS como apresentador de programas e comentarista de opinião da Rádio Gaúcha, e atualmente é colunista do jornal O Sul e apresentador do programa 'Paredão', na Rádio Pampa. Detentor de vários prêmios, entre eles, Medalha de Prata (2º lugar) no Festival Internacional do Rádio de Nova York (1995), em 1997 publicou "Notas Curiosas da Espécie Humana" (AGE). Seu livro mais recente é "A Ópera dos vivos", editado em janeiro de 2008.

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