Festa do Interior

Em função de minha atividade profissional, tenho viajado bastante ao interior do Estado, fazendo contato com diversas empresas. Interior, por definição dos dicionários, é …

Em função de minha atividade profissional, tenho viajado bastante ao interior do Estado, fazendo contato com diversas empresas. Interior, por definição dos dicionários, é a parte de dentro. A parte que não está exposta.
A idéia de que se fazia das cidades e empresas do interior há alguns anos era de organizações distantes (não apenas no sentido físico) da capital, dos negócios e do mundo, extrapolando este conceito. Havia um isolamento, muitos quilômetros a percorrer. Os negócios eram mais prósperos e volumosos para as empresas sediadas nas capitais ou em cidades vizinhas e próximas (se pensarmos em Porto Alegre, são cidades como Canoas, Novo Hamburgo, Guaíba, entre outras).
O processo de modificação deste cenário começou quando os custos produtivos nas capitais começaram a se tornar consideravelmente elevados. As empresas começaram a ficar asfixiadas pelos custos. A alternativa foi, então, mudarem-se para o interior. Muitas foram as empresas que desistiram das capitais e migraram.
Porém, a vida no interior ainda oferecia dificuldades, em especial um (ainda) isolamento. Foi a partir do progresso das comunicações e da logística que as empresas romperam este isolamento. As comunicações, no Brasil e no Mundo, tiveram um verdadeiro salto nos últimos anos. Internet, telefonia móvel, TVs por , tudo isto ou a proporcionar às empresas instaladas no interior uma "aproximação" dos grandes centros. A distância (que, assim como o tempo, é uma medida relativa, na verdade), reduziu consideravelmente. Fazer uma ligação interurbana não demandava mais, como até não muito tempo atrás, ar por uma telefonista. Hoje, falar com uma pessoa que esteja na mesma cidade ou em uma outra cidade, a milhares de quilômetros, é a mesma coisa. Não há diferença perceptível de qualidade.
As distâncias, assim, acabaram por sumir. Podemos dizer que o progresso das comunicações representou a queda do Muro de Berlim na vida das empresas do interior.
Também a logística acompanhou este processo. As empresas que já existiam no mercado trataram de aperfeiçoar e melhorar sensivelmente seus serviços, com um sistema de transporte e entrega muito mais rápido e confiável. Talvez porque estivessem vislumbrando esta modificação em curso, de que não haveria mais distâncias. E novas concorrentes entraram no mercado de logística, com todo o gás.
Assim, não há mais limites nem fronteiras geográficas. Os estados e os países "encolheram", mas a perspectiva é que os negócios se ampliem ainda e cada vez mais.
Porém, nada substitui a presença física, o olho no olho, em especial para nós, gaúchos. Por isto, inclusive, me dedico a viajar, conhecer a empresa e as pessoas. As comunicações revolucionaram as distâncias, mas nada substitui o contato pessoal. E nunca vai substituir. Quando a Internet surgiu, muitos decretaram o fim do livro. O livro, o cheiro do livro novo, a possibilidade de transportá-lo para qualquer lugar, de sublinhá-lo e mesmo a mágica (ao menos para mim) que é abrir um livro novo, jamais foram nem serão substituídos. Porque, apesar de todo a revolução tecnológica, do outro lado da linha há um ser humano.
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