Falo com...
Por Marino Boeira

Falo com Mario Quintana - Poeta e grande frasista - 1906/1994.
Quintana, se permitires, vamos fazer uma entrevista diferente. Será mais um bate-volta. Eu digo uma palavra e você responde.
Amizade.
"Amizade é um amor que nunca morre.".
Chatos.
"Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são os nossos chatos prediletos.".
Preguiça.
"A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.".
Utopias.
"Se as coisas são inatingíveis... ora! / Não é motivo para não querê-las... / Que tristes os caminhos, se não fora / A presença distante das estrelas.".
Remorsos.
"Há noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer.".
Esquecimento.
"Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho.".
A arte de viver.
"A arte de viver é simplesmente a arte de conviver... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil.".
Segredos.
"Não te abras com teu amigo / Que ele um outro amigo tem. / E o amigo do teu amigo / Possui amigos também.".
Deus.
"Se eu acredito em Deus? Mas que valor poderia ter minha resposta, afirmativa ou não? O que importa é saber se Deus acredita em mim.".
O verdadeiro analfabeto.
"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.".
Autodidatas.
"Autodidata é um ignorante por conta própria.".
Burros.
"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.".
Os livros.
"O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.".
Viver.
"Vale a pena viver - nem que seja para dizer que não vale a pena.".
Um poema do contra.
"Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles arão... Eu arinho.".
Para encerrar, um poema de amor.
"Se tu me amas, ama-me baixinho / Não o grites de cima dos telhados / Deixa em paz os arinhos / Deixa em paz a mim! / Se me queres, / enfim, / tem de ser bem devagarinho, Amada, /que a vida é breve, e o amor mais breve ainda.".