Falo com Aparício Torelly, o Barão de Itararé (Rio Grande, 1895 / Rio de Janeiro, 1971) - Por que esse título nobiliárquico? - ?O Brasil tem poucos nobres. Eu poderia ter sido Duque, mas por modéstia, resolvi ser apenas Barão, Barão de Itararé, homenagem a uma batalha que não houve em 1930?. (Na Revolução de 30, os paulistas ameaçaram resistir às tropas de Getúlio Vargas, que vinham do Sul, numa batalha na cidade de Itararé, na divisa com o Paraná, mas desistiram e não houve nenhuma batalha) - Barão, o senhor foi eleito vereador no Rio em 1947 pelo Partido Comunista, mas foi logo cassado, como foi essa história? - ?Um dia é da caça e outro da cassação? - Barão, o senhor acredita nos políticos? - ?A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas em geral enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele? - O senhor pode revelar qual seria seu voto se estivesse ainda vivo? - ?O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.? - Fala-se muito hoje no Brasil que o Lula seria amigo dos banqueiros. O que o senhor pensa dos bancos em geral? - O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.? - E essas histórias de corrupção no governo, o senhor acredita nelas? - ?Negociata é um bom negócio para o qual não fomos convidados?. - Barão, quem acreditou no que dizia um candidato e votou nele uma vez é obrigado a votar sempre no mesmo candidato? - ?Não é triste mudar de ideias, triste é não ter ideias para mudar?. - Uma última pergunta, Barão: como o senhor vê essas alianças eleitorais como a do Lula com o Alckmin? - ?Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.? 4n211p
