Falo com Mário Lago

Por Marino Boeira

Falo com Mário Lago (19/11/2002) - escritor, poeta da música popular brasileira, ator do cinema e televisão e comunista. 
- Mário, você como comunista sempre foi um defensor da igualdade entre as pessoas independente de sexo, raça ou religião. Mesmo assim, você é o autor das letras de duas das músicas populares brasileiras, consideradas hoje pelas mulheres como os maiores símbolos da opressão que elas sofrem historicamente: Aurora ( Se você fosse sincera / Oh, oh, oh, Aurora / Veja só que bom que era / Oh, oh, oh, Aurora / Um lindo apartamento / Com porteiro, elevador / Um ar refrigerado / Para os dias de calor / Madame antes do nome /Você teria agora / Oh, oh, oh, Aurora) e a mais lembrada de todas, Amélia (Você só pensa em luxo e riqueza / Tudo o que você vê, você quer / Ai, meu Deus, que saudade da Amélia / Aquilo sim é que era mulher / Às vezes ava fome ao meu lado / E achava bonito não ter o que comer / Quando me via contrariado / Dizia: Meu filho, o que se há de fazer / Amélia não tinha a menor vaidade / Amélia é que era mulher de verdade). O que você tem a dizer sobre isso?
- "Fiz o que quis e fiz com paixão. Se a paixão estava errada, paciência. Não tenho frustrações porque vivi como em um espetáculo.
Não fiquei vendo a vida ar, sempre acompanhei o desfile.
- Como você vive a sua vida, Mário?
- "Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo:
Nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra."
- Vale a pena sonhar?
- "O sol pode apagar, o mar perder a voz, mas nunca morre um sonho bom dentro de nós"
E quais são as coisas mais importantes na vida?
- "Três coisas pra mim no mundo / Valem bem mais do que o resto /
Pra defender qualquer delas / Eu mostro o quanto que presto /
É o gesto, é o grito, é o o / É o grito, é o o, é o gesto
- O que se deve fazer depois das brigas de amor?
- "Perdão foi feito pra gente pedir"
- Podemos ter ainda alguma esperança no Brasil de hoje, Mário Lago?
- "Quando deixamos de ter esperança é melhor apagar o arco íris". 

Autor
Formado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), foi jornalista nos veículos Última Hora, Revista Manchete, Jornal do Comércio e TV Piratini. Como publicitário, atuou nas agências Standard, Marca, Módulo, MPM e Símbolo. Acumula ainda experiência como professor universitário na área de Comunicação na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e na Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos). É autor dos livros 'Raul', 'Crime na Madrugada', 'De Quatro', 'Tudo que Você NÃO Deve Fazer para Ganhar Dinheiro na Propaganda', 'Tudo Começou em 1964', 'Brizola e Eu' e 'Aconteceu em...', que traz crônicas de viagens, publicadas originalmente em Coletiva.net. E-mail para contato: [email protected]

Comments