Fala sério

A sensação de desistência que aparece nos jornalistas hoje em dia nunca foi tão aparente. Os jornalistas estão acostumados ao ceticismo em relação a …

A sensação de desistência que aparece nos jornalistas hoje em dia nunca foi tão aparente. Os jornalistas estão acostumados ao ceticismo em relação a tudo, mas nunca em relação a sua ética, assim publicamente discutida. É o tipo de bastidor que mostra mais do que a guerra desleal e injusta que identificamos no documentário de Michael Moore. Desta vez, o inimigo somos nós. Os jornalistas desnudos de paramentos ficam patéticos demais. Atraída pela força do quarto poder, Fu Lana decidira-se há muito seguir as pegadas daqueles que não hesitavam em colocar-se à disposição de ideais ameaçados. Aquela coragem era digna de seguidores. Porém, o que vê hoje são intenções de influência, domínios e desejos de poder. Se você quiser transformar um repórter em um fraco, promova-o. O germe da rebeldia rende-se coroado.
Hoje, no tal quarto poder, a manipulação é livre, sofisticada, tecnológica. E o mais cômico, para não dizer trágico, é que ninguém acredita mais em nada. Alguns trabalham, no máximo, pelo ideal da sobrevivência. Sendo desta forma, melhor fosse como na época em que os jornais vinham taxados e explícitos por suas idéias. Assim, ao menos, os leitores poderiam saber quando tratava-se de interesses de um ou de outro. Nas guerras de bastidores, onde as revistas são as pontas dos icebergs, está a vítima desnecessária: a credibilidade da sociedade vigente. Quando aparecem os ratos no navio, estamos expostos à balbúrdia. Nem todas as épocas trazem a necessidade de um poder regulador na comunicação. Afinal, a comunicação é um bem público. Deve ser utilizada para a confirmação da democracia. Estamos presenciando um outro time a definir o voto dos eleitores e não é o time dos políticos, mas sim dos jornalistas.Vem sendo assim há muito, pensa Fu Lana, dando de ombros. Fala sério: tem graça acreditar em um mundo assim?
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