Essa faz parte do rol das teorias de conspiração. Não faz muito, Fu Lana cruzou na internet com um comentário dizendo que não poderia ser coincidência a apresentação de dois filmes simultâneos sobre o desconhecimento de alemães a respeito do massacre de judeus na Alemanha durante a Segunda Guerra. O primeiro trata do desconhecimento do público civil, incluindo a esposa de um oficial da SS, em O menino do pijama listrado; e o segundo,
em
Um Homem Bom
, onde o próprio integrante do exército alemão não tinha exata noção do que se ava, mesmo que ele fizesse parte de tudo aquilo.
Agora, ao assistir Operação Valquíria, Fu Lana percebe o real fundamento de tal tese conspiradora e endossa as magras fileiras daqueles que acreditam: a Alemanha está investindo pesado e de forma organizada na recuperação de sua imagem moral. E não é de hoje.
Em
Operação Valquíria
, ao lado do próprio Führer, teriam existido oficiais que não concordavam com os rumos do país e teriam planejado ass Hitler, falhando na hora H, é claro. E para que as massas de cinéfilos e loucos por entretenimento assem a adorar os alemães, para que sentissem o reconhecimento verídico e fosse provocada uma reação carismática em relação aos heróis que tentaram salvar a Alemanha, quem teria convencido as companhias cinematográficas a colocar no papel principal ninguém menos que Tom Cruise, falando e escrevendo em alemão, já nas primeiras cenas?
Podemos considerar que tudo tenha começado
em
A Queda
, quando sutilmente era dito que Hitler era de fato humano e sensível, e que adorava crianças e animais. Talvez não tenha sido coincidência que o mesmo ator, que fez magistralmente o papel de Hitler, tenha representado um professor de direito
em
O Leitor
, um sujeito bom e civilizado, com muito a contribuir pela formação de jovens advogados e com a construção de uma nova Alemanha.
Mesmo
em
O Leitor
, depois de já termos nos familiarizado com as diversas nuances do desconhecimento sobre as ações anti-semitas do III Reich em suas diversas fases, amos a itir a possibilidade de absolvição dos carcereiros e guardas que, em sua instância hierárquica, afirmavam apenas cumprir ordens. Também
em
O Leitor
há uma intenção maior em cena, com a prova de que podemos vir a nos apaixonar por torturadores e cúmplices de assassinatos em massa, porque, afinal, tudo faz parte de uma circunstância histórica que pertence ao ado. E o que ou, ou.
Em
Operação Valkíria
, a possibilidade dessa compreensão a pelos próprios oficiais nazistas, e nos faz acreditar na existência de um outro povo alemão, que estaria sendo falsamente conduzido por um ditador louco, contra a vontade da maioria. Atentados poderiam ter acontecido contra a vida de Hitler, principalmente por pessoas com outra linha de pensamento, pessoas de esquerda, por exemplo. No filme Uma mulher contra Hitler, estudantes do ensino médio foram brutalmente condenados à morte por distribuírem panfletos denunciando o massacre de pessoas inocentes. Ali, o povo alemão certamente era outro.
Fu Lana fica imaginando quantos milhões de euros não estariam envolvidos nessa recuperação, e com que fins?
Imagina-se, há cinco anos, presenciando uma reunião de planejamento estratégio onde previa-se: temos como meta obter a credibilidade para a imagem do povo alemão e remover uma nódoa resistente ao tempo, tatuada no sentimento do povo e da qual ele não consegue se ver livre. De um povo com a capacidade de Goebbels em Comunicação, quem duvidaria de tal cena?
Fu Lana imagina também, com um prazer infantil, aquelas reuniões em que as orientações seriam readas aos donos da indústria do cinema mundial, entre charutos, jantares, vestidos colantes e visitas solenes ou mesmo disfarçadas. "Queremos Tom Cruise no papel e que ele viaje ao mundo inteiro distribuindo beijos e sorrisos, com a família, representando o novo povo alemão, custe o que custar". Quem duvida? E qual será o próximo o?