Este computador embutido
Interessante como certos assuntos chegam à minha cuca quase ao mesmo tempo. Domingo 15, a cronista Martha Medeiros, em sua coluna na Revista de …
Interessante como certos assuntos chegam à minha cuca quase ao mesmo tempo.
Domingo
Por associação, lembrei-me que, há décadas, conversando com outro gaúcho, meu amigo multimídia e escritor Luiz Carlos Maciel, registrei minha curiosidade em saber o motivo - que me parece muito comum - da "desmemória" começar pelo esquecimento de nomes
Eu brinco que carrego sempre meu documento de identidade, pois se der "branco" quanto ao meu nome, basta ficar procurando em que bolso ele está.
Certa vez, eram quase duas da madrugada quando o grande amigo - que o cigarro levou mais cedo - João Carlos Magaldi, ao telefone, mandou:
- Mario, desculpa, não consigo dormir? qual o nome daquele diretor de cinema francês que foi casado com Brigitte Bardot, Catherine Deneuve e Jane Fonda?
Aliviado pela não-notícia de uma tragédia, suspirei e respondi com inveja:
- Roger Vadim.
Sei da existência de muitos exercícios para ativar a memória, mas me contento em fazer duas palavras cruzadas por dia.
A mente humana, face à multiplicidade de suas características e de seus mistérios, é um fascinante e permanente campo de pesquisas científicas.
Ensinou-me uma psicóloga de renome (também gaúcha!) que os estudos sobre o cérebro começaram na França, no século 19.
Em 2000, cientistas da Universidade de Londres, através de pesquisas com taxistas daquela cidade, anunciaram que o cérebro deve armazenar mais informações nas áreas em que a quantidade de estímulos é maior? A localização das ruas e as rotas para os destinos pretendidos se constituem num grande acervo da memória daqueles taxistas.
Posteriores pesquisas em outros campos do conhecimento, na Alemanha e no Japão, chegaram a resultados semelhantes.
Acho que a grande saída para não ficar gagá é partir para os permanentes estímulos e exercícios da memória. Há que deixar o cérebro ativo.
Por falar em gagá, recebi do jornalista Bernardo Esteves esse e-mail:
"Mario, Não perco mais tempo com a Veja, mas soube que eles deram as amarelas ao arcebispo de Olinda e Recife. Entre outras, ele teria se saído com esta:
- Seria tão bom se as criancinhas fossem como antigamente, quando nem tinham o uso da razão, mas já sabiam rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria.
É demais!"
Fico irado de o meu amigo José Carlos Pellegrino haver dado, de bate-pronto, o diagnóstico sobre o arcebispo e as excomunhões: "está gagá".
Gagá certamente não está Zuenir Ventura que, em crônica sobre o ime que deve estar o menino Sean, lembrou a magnífica entrevista com David Goldman, o pai biológico do garoto.
A entrevista - verdadeira aula de jornalismo - de Dorrit Harazim na revista Piauí de novembro, "furou" o bloqueio de assunto que transitava em sigilo, por ordem da Justiça.
Dorrit, com objetividade, fez o que todo repórter deveria fazer, ou seja, não fez perguntas capciosas e esclareceu, de maneira isenta, a opinião pública sobre um dos lados da questão.
Li tanto noticiário tendencioso (noticiário?) sobre o assunto que acho bom lembrar: além das matérias assinadas, espaço de opinião, num jornal, é o editorial que, se supõe, seja a "voz do dono".
Quase me esqueço de opinar sobre a prioridade dada aos nomes pela minha "desmemória".
Na primeira ida ao Louvre, diante de uma vitrine de utensílios e adornos dos fenícios, civilização iniciada por
Quando muito jovem, dei aulas de Português e Geografia para crianças carentes que prestariam exames de issão para a escola onde eu estudava. Só na Geografia, não sei quantos nomes a vida me enviou para a cuca.
Na História, na Geografia e em outras áreas do conhecimento, quantos nomes próprios, inclusive das pessoas, a gente vai entupindo o cérebro?
Aquilo que o computador manda para a lixeira e depois deleta, não repete o mesmo mecanismo do cérebro?
Sei lá.
Sei da história de um índio mexicano de fama internacional que vivia sentado numa estação de trem e tinha a reputação de possuir a melhor memória do mundo. Um cientista americano resolveu testar o fenômeno, pegou um trem e ao chegar à referida estação perguntou:
- Qual o seu alimento preferido?
- Ovos.
Alguns anos depois, pegou o mesmo trem e, na estação, perguntou?
- Como?
- Cozidos.
Inté.