Equações para inadequações
Enquanto a gente se amofina porque o Brasil não se define, afine o lápis. Afinal, tantos são os riscos a correr que é preciso …
Enquanto a gente se amofina porque o Brasil não se define, afine o lápis. Afinal, tantos são os riscos a correr que é preciso recorrer a uma matemática metafórica. A cada solução, uma desilusão a menos é possível. Mas, melhor é impossível. Os problemas que o país apresenta enegrecem o quadro-negro. Calcule aí suas chances de ter mais chances. Equação algébrica - É a que tenta compatibilizar, numa só operação, o salário mensal que você recebe com a mensalidade do colégio em que seus filhinhos estão aprendendo as primeiras letras. Insolúvel. Equação algébrica irracional - Idêntica à anterior, nos elementos e nos objetivos. Mas nessa, ao lembrar que dizem que a inflação quase não existe, você uiva e dá coices ao perder a razão. Equação anual - Aquela do início, no janeiro que vem aí: chego a dezembro? Resolva diariamente. Aliás, não esquecer: a deste ano ainda está em curso. Equação biquadrada - Nessa você deve encontrar o resultado da multiplicação de seus valores retrógrados pelos padrões morais atuais. Calcule o seu espanto com o que anda acontecendo, seja lá o que isso for. Equação cúbica - Serve para ajustar uma família que cresce assustadoramente num apartamento minúsculo (ou você pensa que todo mundo faz controle da natalidade?). A perda da qualidade de vida é uma das incógnitas e os próximos índices dos impostos, é outra. Equação de derivados - Indica, após os cálculos corretos, pra onde vai a navegação fluvial à deriva num país que, com as maiores bacias hidrográficas, fez opção pelo asfalto. Equação de estado - Calcular o destino de um território da federação ao viver qualquer calamidade pública, sabendo que muitos serão os gritos de socorro mas poucos serão os salvados. Equação do centro - Dificílima: o termo final é a conclusão a respeito da área urbana central da cidade - o caos se aproxima. Na operação entram as variáveis que não variam - o trânsito, a especulação imobiliária, a expansão bancária e a desumanização crescente. Equação do tempo - É previsível a imprevisibilidade da previsão? Avalie no decorrer do período. Equação recíproca - Duas pessoas que não se dão bem aos 20 anos, que idade terão quando se derem mal pra valer? Não pergunte a elas. Equação transcendente - Deus, o Universo e celebridades televisivas cabem todos numa meditação? Elimine os dois elementos secundários do problema sem perder a concentração. Equação da difusão - Quanto boatos um ouvido é capaz de agüentar? E quantos outros uma imaginação pode criar? Some os dois, divida pela população brasileira e estará equacionada a fofoca verde-amarela. Etc. |
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Poeminha do Desencontro Final Que estranho é o Finados: |
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ADELANTE, DE FABIO ZIMBRES
O humor e o traço do Fabio Zimbres produz vários efeitos colaterais em quem vê. O que mais me agrada é a desordem nos conceitos. O leitor/expectador de qualquer criação do Zimbres tem que remexer no que acha que gosta, no que pensa que pensa, que são formas do pensamento avançar. No caso, até à vanguarda gráfica. Esse prazer, entre outros a descobrir, está à vista pra quem não é artisticamente míope, na exposição Adelante. Nela, você se situa por entre transparências plásticas e paredes reversas - sim, estou tentando antecipar a sua desorientação. Para um flerte inicial com a intriga visual do desenhista, ilustrador, cartazista, designer, quadrinista, pintor, cartunista e editor Zimbres, sugiro a visita aos sites do artista, aqui e aqui, além do da Galeria Adesivo - Lopo Gonçalves, 382. Maior envolvimento, no local. Segunda a sábado, das 14 às 19h, até 2 de dezembro. |
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RE - VISÕES, POR CLÓVIS DARIANO
O que fazem os fotógrafos senão nos lembrar das insuficiências do olhar? Bom, eles são bem aparelhados pra isso, e não me refiro a equipamentos. Um deles, que iro há uns 30 anos, faz agora uma retrospectiva com o frescor das exposições inéditas. Clóvis Dariano, além de experiente e criativo fotógrafo publicitário, é um investigador, um experimentador da imagem, com trajetória e portfólio que têm lugar na cena gaúcha e nacional. Dariano selecionou meia dúzia de séries que o mínimo que fazem é inquietar. É a fotografia olhando a si mesmo, inconformada com as duas dimensões. Contemplar, por exemplo, Paisagem sobre Paisagem, de 1977, oferece sensações tridimensionais, uma libertação conceitual; prenúncio das inovações gráficas que só viriam com a computação. O melhor de tudo é saber que o Dariano não pára de pesquisar e novos projetos virão. Pra ver e rever e revisar. Fundação Vera Chaves Barcellos - Galeria Chaves, sala 29, segunda a sexta, das 14 às 18h, até 26 de janeiro. |
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AMBIGRAMATICES Já no ar, o NAC #4, o desafio internacional de ambigramas desde Singapura. Nesta edição, pintou uma inovação: a partir de agora, o casal Nagfa (Naguib e Fadilah), criadores deste provocativo evento virtual, vai convidar ambigramistas do mundo inteiro para proporem o tema e a frase do mês. Sem querer me gabar, já me gabando, o primeiro convidado sou eu. E, puxando a brasa pro meu camarão, tasquei lá: o tema é Humoristas, Satiristas e Comediantes, e a frase é Laughter is Life. O prazo limite pra enviar é 22/11.Pra informações, clique aqui. E como torço pra mais brasileiros participarem, além do Cleber Faria e de mim, apresento agora mais um talentoso artista. É o Maurício Rodrigues Gonçalves, o Maumau, ilustrador e designer gaúcho, já versátil nos ambigramas. Aqui vai uma amostra da arte do Maumau: sua e um brinde com meu nome. Gracias, meu caro. |
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