Em lugar de votos, a derrota

Na última sexta-feira, Vicente Fox recebeu Bush e Stephen Harpernas nas ruínas de Chizen Itzá, a 150 quilômetros de Cancun. Harper, presidente do Canadá, …

Na última sexta-feira, Vicente Fox recebeu Bush e Stephen Harpernas nas ruínas de Chizen Itzá, a 150 quilômetros de Cancun. Harper, presidente do Canadá, participou da reunião para dar um caráter de reunião do Nafta (North American Free Trade Agreement - Tratado Norte Americano de Livre Comércio), bloco comercial que reúne México, EUA e Canadá. A reunião trataria dos imigrantes mexicanos nos EUA, segundo a Press. Mas quem deveria estar no lugar de Harper seriam Dominique Villepin, primeiro ministro, e o presidente da França, Jacques Chirac, todos com problemas semelhantes. Bush, ao propor lei que dava aos trabalhadores estrangeiros um novo status, buscava consolidar os votos republicanos nos estados hispânicos Arizona, Novo México. Villepin procurava concorrer à eleição presidencial do próximo ano na França. Os dois países enfrentam o povo nas ruas.


Isto parece uma verdadeira enchilada (uma tortilha mexicana), disse o senador Eward  M. Kennedy, sobre os esforços do Congresso para reformar a legislação sobre o que fazer com os cerca de 12 milhões de trabalhadores ilegais que vivem dentro as fronteiras americanas. O debate está polarizado, apesar do Comitê Judiciário do Senado ter chegado a um acordo provisório. Lindsay Graham, republicano da Carolina do Sul, diz que de um lado, "querem que todos sejam cidadãos amanhã, e há pessoas que querem colocar os 12 milhões de pessoas num ônibus, ou ainda construir muro nas fronteiras".


SITUAÇÃO CLARA?


Para George Bush, a situação está clara. "Parte da defesa de nossas fronteiras significa ter um programa de trabalhadores convidados que encoraje as pessoas a registrarem sua presença para sabermos quem são, assim como dizer a elas: você está realizando um trabalho que os americanos não querem, você é bem-vindo aqui por um período de tempo para realizar tal trabalho". eatas de milhares de pessoas (inclusive em Nova Iorque) começaram a ocorrer nos três estados onde justamente Bush pretendia os votos republicanos. Estavam contra e lei já aprovada pela Câmara, aquela que pretendia colocar muros e guaridas. Possuidores de seus próprios e filhos já detentores do ambicionado green card, protestaram.


Os mexicanos consideram a lei confusa e contra seus interesses. O debate ampliou-se, e agora atinge os jovens latino-americanos. Dezenas de milhares de secundaristas, segundo a Reuters, suspenderam as aulas, fizeram eatas e bloquearam estradas. "Estou aqui para representar la raza", disse Geraldo Morelo, enrolado numa bandeira mexicana. "Sim, eles podem influir nas eleições", disse Louis de Cipio, professor de Ciência Política da Universidade da Califórnia.


ALLONS ENFANTS


"A sociedade americana é mais cimentada que a sa", disse o sociólogo Marc Ville, em debate promovido por Le Monde. Realmente, os protestos americanos foram pacíficos diante de uma França incendiada. A razão foi a lei proposta por Dominique Villepin, primeiro ministtro, "que encorajaria os empregadores a contratar jovens, principalmente da periferia". O decreto diz que jovens de até 26 anos no primeiro emprego poderiam ser demitidos sem justa causa durante os primeiros dois anos de seu contrato com o objetivo de reduzir os riscos dos empregadores. Estudantes, trabalhadores e jovens da periferia foram às ruas e deixaram rastros fumegantes de sua agem.


Villepin tentou contato com sindicatos de patrões, empregados, estudantes. Tudo em vão. Suas boas intenções de conseguir apoio e votos foram perdidas.Um hesitante presidente Chirac aprovou o projeto com duas alterações: reduzir os dois primeiros anos para 12 meses e condições para quebra de contrato. Foi rejeitado. "Agora quem manda é a rua", gritavam os manifestantes. Chirac hesitou mais ainda. Hoje, quarta-feira, 5, os ses fizeram o enterro simbólico do projeto. Para evitar que a rua mande, mesmo na cimentada sociedade americana, Bush, Villepin e Chirac deveriam encontrar-se para analisar este tema, em lugar da comercial reunião do NAFTA.

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