Na verdade, quatro anos após terem sido derrubados do poder pelas forças armadas americanas, a presença do Taleban está mais ameaçadora do que nunca. É o que dizem os policiais e as autoridades do governo, aldeões, agricultores e funcionários das forças humanitárias. Praticamente já dominam todo o sul do Afeganistão. E aliam-se aos plantadores de papoula. Calcula-se que 80% da heroína consumida no mundo vêm dessas plantações. Alie-se a isso os governos locais corruptos e teremos pintado o quadro da tragédia.

Autoridades americanas e afegãs têm dito há meses para a imprensa ocidental que o Taleban não é mais capaz de travar grandes batalhas. Tal fraqueza mudou suas táticas para bombas em estradas ou a escolha de alvos vulneráveis, como ataques a aldeias, matar professores e queimar escolas. Mas, apesar da evidente supremacia militar, a aliança liderada pelos Estados Unidos não foi capaz de erradicar a insurreição. As táticas do Taleban têm tido sucesso em semear medo e terror.

O MEDO DAS REPRESÁLIAS

Os Talebans fecharam duzentas escolas por meio de ameaças e incêndios em todo o sul do Afeganistão, matando dezenas de autoridades, líderes tribais e civis ao longo dos últimos anos. O comércio caiu acentuadamente, em grande parte devido a atentados suicidas. Nas aldeias, as pessoas estão pedindo que os estrangeiros e as organizações não-governamentais não se aproximem. Não por não precisarem de ajuda, mas por medo de represálias do Taleban.

Alguns, como o comandante local no sul, o coronel afegão Abdul Razzik, 30 anos, disse que a situação está num ponto crítico em sua área. "As pessoas estão cheias dos Talebans", disse. "Eles não permitem que as organizações venham e construam estradas, cavem poços, construam escolas. Eu acho que as pessoas precisam combatê-los, mas como?" Muitos filhos jovens são obrigados a juntar-se ao Taleban durante a noite e voltarem para casa durante o dia. São famílias divididas em que, paradoxalmente, todos item essa necessidade ou conjuntura.

TRAFICANTES DE DROGAS

As forças armadas americanas reagem rapidamente com poder esmagador quando encontram um grupo de Talebans de qualquer tamanho, como o fez na província de Hellmand, quando as autoridades locais alegaram que 200 Talebans estavam à solta. "Mas  guerrilhas são quase impossíveis de combater", diz Razzik. Mas até agora, os criminosos e os traficantes de drogas, que constantemente trabalham juntos, têm tido facilidades em províncias como Hellmand, por praticamente não haver segurança na província, nem do exército afegão nem da força internacional de qualquer capacidade", disse o coronel Henry Worksley, comandante das forças britânicas, que já efetuou um ataque exitoso.

Os britânicos estão começando a chegar como parte da nova força da Otan, que está assumindo o comando do sul do Afeganistão neste ano. A polícia local também está carente de treinamentos, disse ele. As forças americanas não dedicaram muito esforço e tempo a Hellmand, reconheceu o comandante da aliança liderada pelos Estados Unidos.

REJEIÇÃO AO FRACASSO

Ekenverrby não aceita a sugestão de fracasso. O desafio não é o fato de o inimigo ser forte, mas após 25 anos de guerra no Afeganistão, o que inclui russos e americanos. As instituições do Estado estão fracas. Após ouvir discursos e discursos dos aldeões, disse para que se olhassem no espelho, porque também exerciam um papel. "A melhor estratégia quando temos um problema é nos olharmos no espelho", disse. "Isso significa construir um governo, conseguir um governo limpo que não seja corrupto, impedir o cultivo da papoula, formar um Exército Nacional Afegão e uma política nacional. Este é o primeiro o."

Falar é fácil. Mas em quatro anos os Estados Unidos nada conseguiram. O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, também pediu ajuda aos anciões tribais, aqueles que já são obrigados a usar barbas por exigência dos Talebans, e as mulheres véus e vestido compridos.

Os Talebans, nas regiões onde já está dominando, voltaram a impor seus métodos.E há uma pergunta que não quer calar: onde está Osama bin Laden?