Editoriau-au-au
A Opinião é um cachorro que tem a casinha dele na cabeça das pessoas. Ele pode latir à toa por banalidades, pode lamber o …
A Opinião é um cachorro que tem a casinha dele na cabeça das pessoas. Ele pode latir à toa por banalidades, pode lamber o que lhe agrada, rosnar apenas para demarcar território. Agora, morder, não tem como: palavras não têm caninos. Por mais ferina que seja, a ferocidade da Opinião começa e acaba na emissão falada ou escrita, o que a dispensa de coleira. Além de nenhuma Opinião tirar pedaço de ninguém, quem a ouve ou a lê tem um poder muito maior do que quem opina: pode simplesmente ignorar o latido, o rosnado, a lambida. É por isso que todas as opiniões são bem-vindas à realidade social: a favor ou contra, liberais ou reacionárias, elas formam a matilha barulhenta sem a qual a caravana dos fatos aria na surdina. Ao ladrar, a Opinião tem a chance de influir no meio. E é por isso que é vital levar a Opinião a ear por qualquer área da vida pública - a política, a economia, a sociedade, a cultura, a religião, os costumes. Porque tudo isso afeta a todos, sobretudo a quem não tem Opinião formada ou acha que a sua não tem valor. Daí a importância de deixar a Opinião se exercitar livre por entre os acontecimentos, fazer xixi diante de escândalos, uivar onde valores sejam ameaçados. E há que cuidar bem da Opinião, com tosas do vocabulário e banho de idéias: assim ela circula à vontade por praças e palcos, plenários e periódicos. Quanto à ração, ah, precisa balancear: convicção demais fica ardida, convicção de menos fica sem ardor. Já os dogmas - partidários, científicos, filosóficos, religiosos - esses podem conter nutrientes fictícios e às vezes são muito indigestos. O essencial é que, em ambiente democrático, a Opinião possa respirar o ar do nosso tempo. Mesmo porque a atmosfera da Idade Média não está mais aqui. |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
"- Meus senhores, minhas senhoras, me desculpe incomodar a sua viagem, você que está indo para o seu trabalho, voltando para a sua casa. Eu poderia estar aqui vendendo doces, que estraga os dente, engorda as pessoa, poderia também mentir que estou aqui para alimentar meus cinco irmãozinhos pequenos, dar uma força para a minha mãe que está desempregada ou que a minha vó está percisando fazer uma operação urgente. Mas porém sou sincero, a minha opção de renda é uma colaboração dos senhores e senhoras desse ônibus, que em troca da sua ajuda não vou usar o 38 que tá aqui na minha cintura, como todos os ageiros podem perceber pelo volume, ó. Fiquem calmos, vou agora ar o boné pelo corredor, sem atrapalhar o seu sossego, aceito celular, dinheiro, cheque, vale-transporte, podem ficar com os seus documento. É essa a minha mensagem de harmonia, agradeço a colaboração dos senhores, vão em paz, que Deus proteja as suas famílias. Obrigado." |
![]() |
![]() |
![]() |