Dias esquizofrênicos

Temo estar por demais calma. O mundo se abre a norte e a sul e (parece) vai nos engolir. A história, a lenda , …

Temo estar por demais calma. O mundo se abre a norte e a sul e (parece) vai nos engolir. A história, a lenda , a saga do anel (parece) vai se cumprir: tribos agrupam-se lado a lado e, no meio, um abismo. Os que eram Orc´s, hoje têm nacionalidade.
A intolerância é a palavra do momento. Anuncia-se uma década de novos horrores. Assemelha-se à época que antecedeu o holocausto (tirei essa de uma conversa proveitosa com a velha guarda). Em 1937, por exemplo, questionava-se o que estaria por vir, se não seria o caos e a sensação de sermos, todos, a escória humana. As guerras, que não são nossas, nos fazem vítimas de novo. Na história da humanidade, o que se propaga, na verdade, são os ideais de poder.


Estive em Atocha. Incrível aquele lugar. Tenho fotos de lá. A legenda em meu álbum é: "A Estação de Atocha. Dentro, é só verde. Tudo climatizado". De um restaurante em estilo mouro vi pessoas casando naquele ambiente absolutamente limpo e tranqüilo. Foi como bombardear o paraíso.
É bom conversar com os veteranos. Percebe-se que o mundo chegou novamente, e ciclicamente, a uma nova etapa de destruição. Que o mundo é realmente como se aprende no colégio. Entrecorta, ou decepa, períodos de paz e marca com picos que nos levam à queda.
Vi isso também em um clip de uma banda supernova (vou ficar devendo o nome). Uma menina (lolita) está afundando como uma princesa de longos cabelos negros e olhos azuis. Na superfície, onde parece o inferno, ela "rocka" para uma turba de orc"s, que se intercala com imagens de jovens felizes, curtindo um festival. Não se sabe mais quem é monstro e quem é amigável. A letra diz que ela está caindo em um abismo e de fato atira-se sobre a platéia. Ao cair, mergulha no sonho da princesa submersa de vestido branco. É como se ela estivesse em queda permanente, pela força inexorável da gravidade, sem poder evitar estar entre bárbaros. Em sua arte, ela viaja sem ar. Do fogo para a geladeira. Do inferno para o céu.
São dias esquizofrênicos estes.
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Um livro denominado O Livro, de Douglas C. McMurtrie (2ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian) é maná sagrado para designers (desenhadores) de comunicação. Traz regras implícitas e explícitas sobre impressão e fabrico (edição portuguesa de 1982, em Coimbra). Trata-se da história da impressão, tipologia e conceitos editoriais. O texto original da edição americana é de 1937. Dentre outras milhares de informações superúteis, estão questões sobre famílias de letras, suas origens, história, traços de personalidade, e conseqüente aplicação. Traz também a introdução da xilogravura no processo, a vida e obra de grandes impressores (incluindo a primeira mulher impressora) e ilustrações de portadas diversas (rosto, frontispício).
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P. S.: Vejam só que coincidência. Na Zero Hora desta quinta-feira, 18, na coluna do Roger Lerina, dei de cara com a foto da lolita citada na clônica. Ela é da Banda Evanescence e o seu nome é Amy Lee. Outro dia vi mais um clip da guria e ela estava com os pulsos cortados. Coisa de louco.
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