Dias coloridos na cidade até o final das eleições
Por Márcia Martins

Gosto demais do clima que invade as ruas, os parques e praças, as conversas, os encontros nos bares e os(as) moradores(as) de Porto Alegre no período eleitoral. As propagandas que entopem as caixas de correio, os santinhos dos candidatos que se amontoam nas calçadas, as buzinas dos carros e o alvoroço das carreatas, os comícios nas esquinas mais democráticas e todo o cenário que precede as eleições. Sou, inclusive, apaixonada pelo barulhinho que fez a urna eletrônica quando eu concluo o meu voto. E sim, não tenho e nunca tive a menor desconfiança no processo de votação eletrônica.
Por isso, desde a data de ontem (16 de agosto), em que a Lei 9.504/1997 libera a propaganda eleitoral na internet, a utilização de alto-falantes e semelhantes (observado o horário de silêncio), a realização de comícios e caminhadas e a distribuição de material gráfico (os panfletos), já comecei a viver o burburinho das eleições, que ocorrem no dia 2 de outubro (1° turno) e 30 de outubro (2° turno). E, não sei se num desejo contido e represado das eleições de 2020 (em que fiquei reclusa pelo pico da pandemia da Covid-19), numa simples saída na terça-feira pela cidade, já percebi um colorido novo na capital gaúcha.
Quem me lê com assiduidade ou até mesmo esporadicamente, deve ter notado que sou envolvida na vida partidária por pertencer organicamente a um partido político e, em quase todas as eleições, desde a minha filiação, em 1999, estive em campanhas, ou como militante ou como profissional de comunicação de determinada chapa ou candidato. Mas, independente desta ligação, sempre tive uma certa idolatria pela rotina de uma eleição: os bastidores para a definição dos nomes, os publicitários de cada campanha, as gafes dos candidatos, os slogans e os desempenhos nos debates.
Até para reforçar que esta paixão não está diretamente relacionada à minha filiação, que ocorreu quando eu já estava numa fase adulta bem adiantada, lembro da minha mãe Mirthô, lá pelo início dos anos 70, estranhar que eu, com uns 11/12 anos (nada de fazer as contas para saber a minha idade), cantarolava pela casa na Rua Doutor Mário Totta, onde a família morou até o início de 1980, um jingle de um partido político. Quer dizer, esse gosto, que para alguns pode ser considerado estranho, me acompanha de longa data.
No início do mês, fui ar uns dias na casa do meu irmão, cunhada e afilhado em Butiá para relaxar. No domingo, 6 de agosto, teria um debate com os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, mas a emissora que transmitiria não a a programação local naquela cidade. Ele, um tanto chateado, me avisou que não seria possível, por esse motivo, que eu assistisse ao debate. Fiquei encucada que ele, o "louco" do controle remoto (o dedo dele está sempre mexendo e é difícil se fixar num único canal), oferecesse tal opção para a mana querida. Mas, considerei que a minha fama já é bem conhecida pela família.
Excepcionalmente, tranquilizei o mano. Porque no mesmo dia, uns minutos antes, ocorreria a live dos 80 anos do Caetano Veloso, e eu não pretendia, por nada neste mundinho, perder esta preciosidade. Sou sim a fanática que adora os acontecimentos de uma eleição. Mas não tão louca assim a ponto de ignorar um Caetano Veloso. Claro que, tão logo se encerrou a live, fui acompanhar pelo youtube no notebook o final do debate.