Deveres da imprensa
Na média, as opiniões da mídia acerca do tratamento dado pelos âncoras do Jornal Nacional aos candidatos durante as entrevistas da semana ada indicam …
Na média, as opiniões da mídia acerca do tratamento dado pelos âncoras do Jornal Nacional aos candidatos durante as entrevistas da semana ada indicam uma percepção de tratamento equânime. Os jornalistas, em geral, consideraram que Fátima Bernardes e William Bonner fizeram o mesmo tipo de pergunta a todos os candidatos e cortaram-lhes a fala com a mesma assiduidade.
Discordo.
Lula foi tratado com açúcar e com afeto, se comparado com os demais. Alckmin e Heloísa Helena foram freqüentemente interrompidos, enquanto os jornalistas assistiram impávidos a Lula garantir, sem rir, que demitira José Dirceu e Palocci.
Uma pena. Até os jogadores da seleção de futebol foram proibidos de fazer perguntas ao Nosso Guia, por ocasião de espetaculosa conversa na véspera da Copa do Mundo. A oportunidade de questionar a conduta do nosso presidente no Jornal Nacional foi ímpar.
Era a chance de discutir o crescimento pífio do Brasil, num período favorável da economia mundial.
De sabermos como Lula justifica vetar o reajuste das aposentadorias dos que ganham salário mínimo e, ao mesmo tempo, enterrar 9,5 bilhões de reais para socorrer o fundo de pensão da Petrobrás.
Seria interessante perguntar o que acharia aquele candidato eleito que prometera um Brasil decente de um governo que comprou deputados com recursos de origem escusa.
A sociedade brasileira antes de votar precisa saber se Okamoto pagou ou não dívidas de Lula e, se pagou, de onde saiu o dinheiro.
Se Duda Mendonça diz a verdade quando afirma que recebeu honorários em contas no exterior, cabe ao Guia explicar onde estava este recurso. Teria o Presidente sido eleito com recursos depositados em contas no exterior?
Cabe ainda explicar à sociedade com que nível de isenção o Presidente analisará um assunto que atinja os interesses da Telemar, que é parceira do seu filho através de uma nebulosa aquisição.
O papel da mídia é esclarecer pontos como estes. E o contato com o candidato é raríssimo. Não pode ser desperdiçado.
A sociedade espera dos veículos e de seus profissionais isenção e capacidade de fazer as perguntas certas.
Vale para Lula e para todos os demais candidatos.